O banco Julius Baer, por meio do analista Nenad Dinic, apresentou uma análise otimista sobre o mercado brasileiro nesta terça-feira (27), destacando o forte momento. De acordo com ele, “as ações brasileiras atingiram um recorde em reais”, mesmo com uma queda de 10,5% em dólares no acumulado do ano. No entanto, o mercado recuperou quase 15% desde seu ponto mais baixo em meados de junho, impulsionado por sinais claros de retorno do interesse do investidor estrangeiro.
O analista observa que julho marcou o primeiro mês de fluxos positivos de investidores estrangeiros em 2024, e que a segunda semana de agosto registrou o maior fluxo semanal desde dezembro de 2023.
Além disso, a temporada de resultados do segundo trimestre de 2024 indicou uma “recuperação significativa”, com o crescimento do lucro por ação (EPS) alcançando 17% em relação ao ano anterior. A expectativa é que essa tendência positiva continue no terceiro trimestre de 2024, com mais um período de expansão dos lucros.
Dia crucial para os estrangeiros
Um ponto crucial para o mercado brasileiro e para a alocação do investidor estrangeiro, segundo a análise de Dinic, será a apresentação da proposta de orçamento de 2025 pelo Ministério da Fazenda. A meta ambiciosa de déficit zero para o próximo ano levanta preocupações sobre o risco fiscal, tornando a consistência das medidas de aumento de receita e corte de despesas vital.
“Embora mudanças graduais sejam feitas pelos congressistas antes da aprovação do orçamento, as medidas podem também indicar novos passos na frente da política monetária”, destaca Dinic.
A análise ressalta que o Banco Central tem adotado uma postura mais hawkish, o que aumentou as expectativas de uma possível alta na taxa de juros na próxima reunião, especialmente à medida que o comitê reconhece “mais riscos de alta do que de baixa para a inflação”. Embora o mercado esteja precificando potenciais aumentos de juros, os economistas do Julius Baer projetam que as taxas permanecerão inalteradas até o final do ano.
No cenário base do banco, a taxa deve permanecer estável até o final do ano, com um nível estável de USD/BRL, proporcionando alívio para os investidores. No entanto, Dinic alerta que uma deterioração adicional nas expectativas de inflação após a apresentação do orçamento de 2025 pode levar o Banco Central a considerar um aumento modesto nas taxas para “recuperar a credibilidade do mercado”.
Apesar dos desafios, o Julius Baer mantém uma classificação overweight (alocação acima da média) para as ações brasileiras, citando as “avaliações profundamente descontadas” e o suporte esperado pelos primeiros cortes de juros do Federal Reserve dos EUA sobre os lucros e os fluxos de capital. Essa posição reflete o otimismo do banco em relação ao desempenho futuro das ações no Brasil, considerando os sinais de recuperação econômica e o interesse renovado dos investidores internacionais.