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Investidores fogem da bolsa de valores: Por quê? O que está faltando?

por Ricardo Pereira
3 min leitura

Investidores fogem da bolsa de valores: Por quê? O que está faltando?A BM&F Bovespa lançou, em meados de 2010, uma campanha agressiva em busca de uma meta: A Bolsa de São Paulo pretende atingir cinco milhões de investidores (pessoas físicas) até 2015. A estratégia conta com a presença carismática do Rei Pelé, cuja carreira serviu de analogia para o entendimento do grande público sobre as tendências de alta e queda das ações e seu potencial de valorização/rentabilidade.

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Até agora, os resultados alcançados tem se mostrado abaixo da expectativa. De acordo com a BM&F Bovespa, de setembro de 2010 a março deste ano aproximadamente 33 mil pessoas deixaram a bolsa. Outros números demonstram que o investidor brasileiro ainda vê com grande desconfiança o investimento em bolsa de valores, acompanhe:

  • No ano de 2011, no primeiro trimestre 6.498 deixaram a bolsa, mantendo a tendência negativa do final de 2010;
  • A participação do home broker no número de negócios da bolsa foi de 24,95% em março de 2011. Como base de comparação, em fevereiro o percentual era de 26,23%;
  • O número de clubes de investimento, um dos grandes trunfos de popularização do investimento em bolsa de valores, caiu de 3.054 no final de 2010 para 3.015 no final de março de 2011.

Publicidade para encontrar novos investidores
Algumas corretoras, inclusive apoiadas pela BM&F Bovespa, começaram a apresentar peças publicitárias em veículos de comunicação tradicionais, seguindo a tendência aberta pela própria Bolsa de Valore se São Paulo, que esteve presente, com o garoto propaganda Pelé, durante os intervalos do Jornal da Globo e também em outras TVs, revistas e jornais.

Fica claro que, até o momento, a estratégia tem se mostrado falha. Posso citar diversos quesitos que levam ao insucesso até o momento da iniciativa: o primeiro e mais claro é justamente o entendimento por parte da população do que realmente significa investir na bolsa de valores, quais suas peculiaridades e necessidades. O segundo ponto pode ser a segmentação do público, aceitando a realidade de que talvez esse investimento não seja para todos.

O terceiro e talvez principal ponto que merece uma reflexão aprofundada diz respeito à forma como as corretoras trabalham o relacionamento com os investidores. Arrisco até a dizer que esse é um dos gargalos e grandes desafios em relação a não manter os investidores atuais (que estão saindo da bolsa) e à conquista de novos participantes no mercado.

Resistência em se aproximar dos investidores
Já tive a oportunidade de participar de alguns projetos relacionados à Bolsa e percebi que as corretoras estão longe dos investidores. Penso que é o momento de tê-los mais perto. Por que não, por exemplo, convidá-los para conhecer o funcionamento das suas mesas de operações ou mesmo para um cafezinho informal?

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Sinto que falta relacionamento físico entre investidores e corretoras. Onde fica a corretora, quem são seus profissionais? Com quem o investidor pode falar, conversar? Falta vontade de se relacionar, mas, paradoxalmente, sempre surgem novas opções de contato: calls, chats, fóruns e outras ações que só levam o investidor para longe da estrutura física das corretoras. Contato é diferente de relacionamento.

Já é tempo de perceber que quando o assunto é dinheiro, faz toda a diferença o olho no olho e a demonstração evidente de confiança que nasce no relacionamento próximo. Confiança e proximidades tão necessárias para mostrar que a bolsa é um investimento de risco, mas também um poço de oportunidades para quem se interessar a estudar o seu funcionamento.

Faltam opções para o pequeno investidor
Há também a questão operacional da Bolsa que precisa ser levada em conta. O mercado fracionário, tão divulgado como estratégia para o pequeno investidor, não oferece o mesmo apelo que o mercado tradicional. Investir em um lote inteiro de uma ou duas empresas ainda é uma realidade distante para a maior parte dos brasileiros, uma classe média com renda crescente, mas ainda sem cultura de investimentos.

Os ETFs (Fundos de Índice) parecem ser uma boa alternativa para quem deseja diversificar e começar a investir com pouco dinheiro. Novos fundos deste tipo surgem dia após dia, mas a liquidez e os detalhes ainda assustam alguns investidores. Há também a questão da concentração bancária somada à desinformação. Os bancos desencorajam o investimento em ações diretamente para venderem seus fundos e demais produtos de investimento.

Até 2015 muito pode (e deve) ser feito para avançarmos no modelo proposto: investir em educação financeira, relacionamento e argumentos em favor dos investimentos em renda variável são alguns exemplos. Caso contrário, os investidores continuarão buscando outros produtos para investir e outros canais de relacionamento. Os gerentes de banco agradecem!

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