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Investimento em ações e a nova euforia na Bovespa

por Ricardo Pereira
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Investimento em ações e a nova euforia na BovespaEnquanto inicio este artigo o índice Bovespa sobe 2,42% no dia e chega ao patamar de 51.894 pontos. O fechamento foi mais modesto, mas ainda em alta de 1,64% em 51.499 pontos. A euforia começa a tomar conta de boa parte da mídia responsável pela cobertura do mercado financeiro[bb]. Se a tendência de alta se mantiver, logo logo veremos uma cobertura cada dia maior. Isso me preocupa.

É claro que a cobertura da mídia é fundamental e no fim das contas cumpre o papel de disseminar o investimento no mercado de capitais, sobretudo na bolsa de valores. O problema é que a euforia traz à tona a famosa relação entre “sardinhas” e “tubarões”, já abordada pelo Navarro no artigo “Oferta, demanda, sardinhas e tubarões”. Investidores inocentes, atraídos pelas notícias, podem se dar mal.

Os fundamentos garantem uma rápida recuperação no Brasil?
Apenas considero que no Brasil as coberturas são muito extremistas. Na baixa, desclassificam o investimento e o tornam algo de grande perigo. Muitas vezes a bolsa de valores é considerada como um cassino, onde apenas o componente sorte é importante. E quando a bolsa sobe por um período mais duradouro, tentam passar a imagem de uma mina de ouro – a verdadeira chance de se tornar milionário.

Quer ficar rico? O primeiro passo é o conhecimento do mercado.
Não negando a possibilidade de enriquecer com os investimentos em ações, a verdade suprema é que o caminho até chegar nesse patamar é cheio de espinhos e dificuldades. No período cataclísmico do final do ano passado, quando a Bovespa despencou dos mais de 70 mil pontos para menos de 30 mil, poucas vozes dentro da mídia explicaram com coerência como lidar com alguns componentes indispensáveis de aplicação na bolsa[bb]:

  • Quase ninguém explicou à grande massa de investidores porque a bolsa de valores é um investimento de longo prazo, principalmente quando falamos nos pequenos e médios investidores;
  • Poucos abordaram a complexidade da crise. Muitas pessoas resgataram seus investimentos (realizando suas perdas) sem nem mesmo saber o significado de subprime;
  • Durante muito tempo foi vendida a idéia de que investimentos em ações era sinônimo de dinheiro fácil;
  • Poucos explicaram às pessoas como é importante buscar o conhecimento e a preparação para conhecer o funcionamento do mercado de ações, suas nuances, seus termos e sua dinâmica;
  • Quase ninguém explicou, mesmo durante o apogeu da crise, que as crises são cíclicas e em algum momento elas terminam. E que, desta forma, países como o Brasil, com fundamentos econômicos sólidos podem sair fortalecidos. Tudo o que se via era pânico;
  • Poucos explicaram que grandes empresas, com resultados positivos e plano de desenvolvimento consolidado (como Petrobras, Gerdau, Usiminas, Vale e etc.) poderiam viver valorização com o final da crise.

Empresas baratas, boas oportunidades
Ainda considero que muitas empresas estão com valores aquém do que valem de verdade, se apresentando como ótimas oportunidades. No entanto, se compararmos com o final do ano, a busca está mais difícil. Os poucos investidores[bb] que se dedicam a estudar o mercado certamente aproveitaram o grande saldão do final do ano. A euforia momentânea pode enganar e o movimento de realização de lucros tende a voltar. Cuidado.

O que precisa ficar claro para quem opta por seguir o mercado de capitais é que ele é mesmo um investimento interessante. Mas, é preciso ressaltar, ainda estamos passando por momentos delicados, em que um simples indicador pode derrubar a bolsa por um bom tempo. Está claro que há muito capital especulativo circulando na bolsa de valores.

Entre no mercado com consciência, andando com suas próprias pernas e suas próprias vontades – e não porque o seu tio conhece alguém que ganhou uma boa grana aplicando em ações. Cuidado com as lindas histórias de sucesso, afinal muitas delas são apenas da boca para fora. Envolva-se de verdade com suas decisões.

Investir em ações é se tornar sócio de um negócio
Esteja preparado para ganhar, mas também para perder em determinadas situações. Essa atitude propicia ao investidor o aprendizado com erros (seus e dos outros). Uma alternativa inteligente é também ter um fundo de reserva, que propicie maior segurança nos momentos de crise e que permita que você não mexa nas ações por algum tempo.

A regra básica não muda e o que parece fácil, vender na alta e comprar na baixa, precisa de uma estratégia de entrada e saída, estudo das empresas, avaliação das alternativas, definição de preços-alvo e etc. Certo, isso é assunto para um próximo artigo. Até a próxima.

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Ricardo Pereira
é educador financeiro e palestrante, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.

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Crédito da foto para stock.xchng.

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