Já me perguntaram se a poupança é o melhor investimento para iniciantes. Minha resposta, obviamente, foi não, de jeito nenhum. De forma geral, as pessoas acham o mercado financeiro complicado e supõem que o certo seja começar pelo mais simples para só então partir para algo mais complexo como seria, na mente deles, o mercado de ações, por exemplo. Por essa lógica até seria correto se aplicar na poupança resultasse em algum aprendizado, mas não é o que acontece. Quem opta por esse “investimento” não sai do lugar financeiramente e muito menos em termos de conhecimento.
A poupança existe há muito tempo. Foi criada ainda no século XIX pelo imperador D. Pedro 2º. Mais recentemente, em 1964, o governo criou o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e passou a usar recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para financiar a habitação com juros baixos.
Naquela época já era um investimento popular por ser simples, mas aí a propaganda passou a incentivar ainda mais as pessoas a colocarem dinheiro neste produto. Afinal, quanto maior o montante, mais dinheiro para financiar o setor de construção civil.
Entre as razões para as pessoas colocarem dinheiro na poupança, estão a “segurança”, pois conta com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), isenção de impostos como IR e IOF e liquidez, porque se pode sacar a qualquer momento sem ter de pagar qualquer tipo de taxa, apesar de isso implicar na perda do rendimento caso a retirada aconteça antes da data de aniversário.
Na prática, a poupança é um bom negócio para os bancos que pagam um rendimento pífio, mas ganham muito com o dinheiro que fica ali parado. Bom também para o governo e para as construtoras, mas para o poupador é péssimo. Tenho de admitir, porém, que é melhor do que deixar o dinheiro parado ou apostar em jogos on-line. Este último caso equivale a jogar dinheiro no lixo.
Tudo bem, se a poupança não é o melhor investimento para o iniciante, então o que seria? Os fundos imobiliários (FII)? Outros tipos de investimentos de renda fixa?
Não, a renda fixa nunca é o melhor investimento para quem sonha com renda passiva. Para quem ainda não está acostumado com esses termos, renda passiva é quando o dinheiro aplicado rende tanto, que dá para viver tranquilamente somente com o rendimento mensal dele. É a tão sonhada liberdade financeira. Poder viver sem trabalhar, pois o dinheiro trabalha para o investidor.
Liberdade com ações
Quem sonha com essa liberdade tem de começar a investir em ações. Este é o melhor investimento para iniciantes. No mundo inteiro as pessoas começam investindo em ações, só no Brasil tem essa ladainha de que o iniciante tem de começar com a renda fixa. No longo prazo as ações superam todos os investimentos, mas é preciso entrar neste segmento sem fazer bobagem. Não faça day trade, fuja desse negócio de tentar ganhar dinheiro rápido com especulação.
Comece com ações que pagam dividendos, pois elas são muito mais seguras, muito mais fáceis de investir e geram uma renda passiva desde o início. Renda essa que pode, e deve, ser reinvestida na carteira até que ela alcance o montante que lhe trará o retorno dos sonhos.
Quero deixar claro, no entanto, que não sou totalmente contra a renda fixa. Produtos de renda fixa são importantes para que o investidor tenha uma reserva de emergência, ou seja, recurso financeiro para ser usado em momentos de dificuldade – doença na família, acidente, desemprego.
É sempre bom ter um dinheirinho guardado em uma aplicação com bastante liquidez para emergências. Mesmo assim, a poupança não é a melhor opção. Há outros produtos de renda fixa com rendimento maior. Fora isso, se o objetivo é a liberdade financeira, reforço que o mais inteligente é iniciar com ações.