Uma notícia “meio sem pé e nem cabeça” movimentou o mercado nesta terça-feia (22). O blog “Nem amigo, nem inimigo” publicou uma informação sobre o interesse da JBS (JBSS3) na compra do controle do Bradesco (BBDC4). A notícia foi prontamente negada pelo banco, que a chamou de “fake news”.
O texto do blog sobre o assunto foi removido, mas dizia que a transação estaria aguardando o apoio das herdeiras de Amador Aguiar, fundador do Bradesco. “O Bradesco informa que a notícia publicada se trata de fake news e não merece comentários”, disse a assessoria do banco. A JBS ainda não se pronunciou.
Para a Ativa Investimentos, embora o banco tenha negado oficialmente a notícia, a avaliação de tal movimento merece atenção. No relatório divulgado hoje, a corretora menciona que as ações do Bradesco estão significativamente desvalorizadas em relação ao seu histórico, sendo negociadas a 0,91 vezes o valor patrimonial projetado para 2024.
O Bradesco, um dos maiores bancos privados da América Latina, enfrentou desafios nos últimos anos, especialmente com o aumento da concorrência trazido pelo Open Finance e o crescimento das fintechs.
Além disso, a regulação mais intensa nesse novo cenário pressionou ainda mais a rentabilidade da instituição, o que contribuiu para a desvalorização das suas ações. “O Bradesco foi o banco mais impactado entre as grandes instituições tradicionais, enfrentando dificuldades em se adaptar a essas mudanças”, afirmam os analistas.
Mesmo com sinais recentes de recuperação, como a melhora na rentabilidade no último trimestre, as ações do Bradesco continuam desvalorizadas. A Ativa destacou a recente troca na diretoria do banco como um indicativo da necessidade de uma nova abordagem estratégica. “A escolha do novo CEO foi atípica, refletindo a urgência de uma mudança de cultura e estratégia”, mencionaram no relatório.
Seria viável?
Quanto à viabilidade de uma aquisição do Bradesco pela JBS, a Ativa considera o movimento improvável devido à complexidade e às cifras envolvidas em uma transação dessa magnitude. A corretora enfatiza que o controle do Bradesco está concentrado nas mãos da família fundadora e de executivos de longa data, o que tornaria a operação ainda mais desafiadora.
No entanto, a Ativa também pondera que, caso a aquisição acontecesse, os acionistas minoritários poderiam se beneficiar. “Acreditamos que uma aquisição poderia ser benéfica para os acionistas minoritários, pois o controlador provavelmente venderia sua participação por um valuation igual ou superior ao valor contábil do banco”, avalia o relatório.
Além disso, a Ativa questiona se uma eventual compra acionaria as cláusulas de tag along, que garantem aos acionistas minoritários o direito de vender suas ações pelo mesmo preço pago ao controlador em caso de venda de controle. “Consideramos que existe a possibilidade de se adquirir o controle do Bradesco sem a necessidade de comprar uma participação significativa, o que poderia acionar o tag along das ações ordinárias e preferenciais.”