Jornalistas que cobrem temas ambientais estão se tornando alvos de ataques cada vez mais frequentes, disseram autoridades da ONU após um relatório mostrar um aumento na violência contra o trabalho deles no mundo inteiro, tanto de atores estatais, quanto de privados.
Em um ato pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa realizado em Santiago, no Chile, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que proteger a integridade dos jornalistas é essencial “em um mundo que passa por uma emergência ambiental sem precedentes”.
“A liberdade de imprensa está sitiada e o jornalismo ambiental é uma profissão cada vez mais perigosa”, disse Guterres, em uma mensagem transmitida por vídeo na qual mencionou “dezenas de jornalistas que morreram enquanto cobriam mineração ilegal, extração de madeira e caça ilegal”.
As declarações foram dadas depois que um relatório da Unesco constatou que 44 jornalistas dedicados a cobrir o meio ambiente foram assassinados entre 2009 e 2023, e 70% dos entrevistados para o estudo disseram que foram alvo de agressões, ameaças ou pressões enquanto cobriam esses temas.
Sobre a violência contra jornalistas que cobrem o meio ambiente, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azulay, mencionou o caso do britânico Dom Phillips, que trabalhava em um livro sobre a Amazônia quando foi assassinado, junto com o indigenista brasileiro Bruno Pereira, em 2022.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, também presente no ato, citou um relatório de 2021 da ONG Global Witness que afirma que, dos quase 200 assassinatos de ativistas ambientais registrados naquele ano, mais de 75% foram na América Latina.
Guterres também afirmou que estava “consternado” com o elevado número de jornalistas mortos na guerra em Gaza.