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Juros altos, os bancos e o bolso do povo brasileiro

por Ricardo Pereira
3 min leitura

Juros altos, os bancos e o bolso do povo brasileiro“Nunca na história desse país os juros praticados pelos bancos e financeiras foram tão imorais e prejudiciais a saúde financeira das pessoas e do país”. Vocês não imaginam quantas vezes já ouvi esta frase nos últimos meses. Muitas vezes, pode acreditar. E, quer saber? Concordo e assino embaixo. O crédito brasileiro é muito caro e, de forma nada silenciosa, vem arrebentando com as finanças[bb] de muitas famílias. Como consequência, muita gente está sem condições de honrar seus pagamentos. A situação preocupa.

Um amigo disse que a frase do parágrafo anterior até parece uma máxima do Presidente Lula. Que eu saiba, ele não disse algo assim (ainda). Deveria dizer – ou já poderia ter dito. Afinal, trata-se da constatação imediata que encontramos ao olhar os resultados de inadimplência e os recordes de aumento dos juros no sistema financeiro brasileiro. E agora? Será que estou fazendo drama demais ou é o caso de ação corretiva, de “botar a boca no trombone”?

A importância do crédito
A origem da crise é conhecida (é o que dizem). É público e notório que ela surgiu justamente de questões relacionadas ao crédito e se alastrou por conta da desconfiança e falta de crédito (de novo?) para financiar o consumo da população e o giro da economia. Crédito, só se fala em crédito?

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Diversos países, dentre eles também o Brasil, lançaram pacotes e mais pacotes com o objetivo de vitaminar a economia e garantir, ao mercado financeiro[bb] e aos cidadãos, que compromissos seriam honrados e que as instituições financeiras estariam, de certa forma, “garantidas” pelos governos. Muito bom. Mas, como fica a população?

Não são apenas os bancos que passam por dificuldades. Eles na verdade são o fim (ou será começo?) de um processo que surge da incapacidade das pessoas em honrar suas despesas e compromissos financeiros.

O caso brasileiro
Desde 2002, a partir do crescimento econômico, o brasileiro descobriu o crédito e tomou gosto pelos financiamentos como forma de conquistar bens de todos os tipos, como carros, casas e eletrônicos de uma forma geral. Não que tal atitude não fosse comum, mas houve grande intensificação nestes últimos anos.

De 2006 até o inicio do terceiro trimestre de 2008, presenciamos vendas recordes de carros e um crescimento fortíssimo da indústria automobilística nacional. Nunca tantos carros novos foram vendidos por aqui. As pessoas consumiam vorazmente, através das parcelas relativamente pequenas e prazos longos, jogando dívidas e mais dívidas para dentro do orçamento[bb]. O consumo diminuiu, as dívidas permanecem.

Tempo, o senhor da razão.
A crise chegou e os juros foram aumentando ainda mais. Brasileiros acostumados a usar o rotativo do cartão de crédito e o limite do cheque especial como parte da renda se afundaram em dívidas. O que fazer com o colégio das crianças, com as despesas do supermercado, com a TV a cabo, a Internet e, finalmente, com a parcela do carro novo? Pois é, com o orçamento mais (bem mais) apertado, a inadimplência deu novo salto:

“A inadimplência de pessoa física cresceu 7,5% nos dez meses de 2008, em relação ao mesmo período de 2007, aponta o Indicador Serasa, divulgado nesta sexta-feira pelo órgão de proteção ao crédito. Se considerado o índice de outubro, a inadimplência do consumidor cresceu 6,9% na comparação com outubro de 2007. Já na variação mensal, de setembro para outubro, a inadimplência avançou 4,9%.

Segundo a Serasa, ‘a evolução da inadimplência, entre janeiro e outubro de 2008, é reflexo do maior endividamento da população, do crédito mais caro, e da redução na capacidade de pagamento do consumidor, devido à alta da inflação, que refletiu principalmente no preços dos alimentos’”. Fonte: Folha de São Paulo, 14/11/2008.

Sua pergunta deve ser: o que o governo tem feito nesse meio tempo? Bom, as ações do governo são no sentido de liberar o compulsório e aumentar o nível de crédito. Certo, parece inteligente e eficaz, já que o objetivo é não deixar a economia “travar”. Mas, ai vem outra pergunta comum dos últimos dias: por que o governo concede milhões de reais aos bancos e estes, ainda assim, aumentam ainda mais os valores dos juros?

Não tenho resposta para tal pergunta. Parece que eles não querem correr riscos ao emprestar e dizem estar captando dinheiro mais caro lá fora. O spread é alto, nós pagamos grande parte da conta. Parte da resposta também fica clara se analisarmos os números dos bancos brasileiros e seus respectivos recordes de resultado, mesmo no meio da crise.

Eles estão errados?
Não. Fazem porque há espaço e podem fazer. Aqui entra meu desabafo pessoal: errado está o governo, que não exige nem determina o fim dessa imoralidade que são os juros aplicados dentro do país. Nós, consumidores, temos grande parcela de culpa: aceitamos e nos sujeitamos diariamente a essa política de juros, quase sempre calados. Enfim, discutir desejos e compra de bens é sempre algo espinhoso.

Diga não aos juros exorbitantes cobrados no Brasil! Ok, não é tão simples assim. Os juros da nação são elevados também, o que acaba balizando muito do que se negocia internamente. Mas eu precisava desabafar. Compre à vista tudo o que puder e procure educar-se financeiramente. Descubra, como poucos ainda fazem, que orçar e poupar[bb] para garantir a compra de algum bem podem ser o melhor caminho. Bom final de semana.

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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para stock.xchng.

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