As taxas dos DIs com prazos mais longos emplacaram a segunda sessão consecutiva de queda no Brasil nesta sexta-feira, ainda que no exterior o rendimento do título norte-americano de dez anos tenha voltado a subir, com investidores dando continuidade ao movimento de redução de apostas de que o Federal Reserve iniciará o ciclo de corte de juros em março.
As taxas curtas, por sua vez, encerraram em leve alta no Brasil.
Antes mesmo da abertura dos negócios, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,74% em dezembro, acelerando ante o 0,59% de novembro, em resultado que ficou acima da expectativa de pesquisa da Reuters, de avanço de 0,66%. No acumulado de 2023, o indicador caiu 3,18% a menor taxa da série histórica.
Já o Banco Central informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve variação positiva de 0,01% em novembro, na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado.
O resultado do mês ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,10%, mas interrompe três meses seguidos em território negativo.
Os dados do IGP-M e do IBC-Br pouco influenciaram os negócios na curva a termo brasileira, que no início do dia reagia mais diretamente ao ambiente externo.
No fim da manhã, o rendimento do Treasury de dez anos referência global de investimentos escalou patamares mais elevados, com investidores ainda repercutindo falas de autoridades e dados econômicos recentes que indicam possibilidade maior de o Fed não cortar juros em março.
No Brasil, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para 2027 atingiu o patamar máximo do dia às 11h43, ao subir cerca de 6 pontos-base em relação ao ajuste da véspera.
No restante da sessão, no entanto, as taxas perderam força e migraram para o território negativo no caso dos contratos intermediários e longos, a despeito de os yields do Treasury de dez anos seguirem em alta.
Profissional ouvido pela Reuters ponderou que, no mercado brasileiro, parece haver uma “torcida” para que o Fed de fato corte juros em março, apesar de as apostas neste sentido estarem caindo desde o início do ano na curva norte-americana.
Segundo ele, o corte de juros pelo Fed em março poderia “salvar” as apostas de que, no Brasil, a taxa básica Selic poderá chegar a menos de 9% ao ano no atual ciclo. Alguns grandes fundos seguem posicionados neste sentido, apesar da recente mudança de cenário nos EUA.
Assim, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,115%, ante 10,094% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,775%, ante 9,759% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,905%, ante 9,929%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,155%, ante 10,187%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,56%, ante 10,616%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 100% de chances de o corte da taxa básica Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual. Atualmente a Selic está em 11,75% ao ano.
Às 16:39 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 0,30 ponto-base, a 4,1475%.