O banco BV registrou lucro líquido recorrente de 363 milhões de reais no segundo trimestre, uma alta de 27,7% frente aos mesmos meses do ano passado, em resultado marcado por aumento de receitas e queda no custo de crédito, além de melhora na rentabilidade.
O BV, que tem o Banco do Brasil (BBAS3) e o conglomerado Votorantim como sócios, divulgou um acréscimo de 11% nas receitas, com expansão de 6,4% na margem financeira bruta, para 2,262 bilhões de reais, e de 31% na receita de serviços e corretagem, para 647 milhões de reais.
O custo do crédito no período, por sua vez, recuou 15,8% na comparação ano a ano, para 870 milhões de reais.
No final do segundo trimestre, a carteira de crédito ampliada totalizou 88,113 bilhões de reais, alta de 3,8% ano a ano. A inadimplência acima de 90 dias recuou para 4,5%, de 5,4% um ano antes, enquanto o índice de cobertura aumentou 13,1 pontos, para 167%.
No varejo, houve expansão de 8,5% com a carteira de financiamento a veículos leves usados, setor em que o BV é especialista e líder há 11 anos consecutivos, crescendo 13,4%, a 44,121 bilhões de reais.
De acordo com o presidente-executivo do BV, Gabriel Ferreira, a perspectiva é positiva para o financiamento de veículos no segundo semestre, desde que mantidas as condições para o crescimento econômico, um mercado de trabalho positivo e inflação ancorada.
No cartão de crédito, houve queda de 19,6%, o que o banco relacionou a uma política mais conservadora na concessão de crédito e descontinuação de um parceiro de CaaS (Credit as a Service) durante o primeiro trimestre.
“Não obstante, as emissões de cartões voltaram a crescer, com qualidade superior, o que traz boas perspectivas para essa carteira para os próximos trimestres”, afirmou a companhia no material de divulgação do balanço.
A carteira ampliada do atacado recuou 6,3% no segundo trimestre na comparação anual, a 25,647 bilhões de reais, com o segmento de “large corporate” e instituições financeiras registrando queda de 22,2%. O “large corporate” contempla empresas com faturamento anual superior a 4 bilhões de reais.
Os empréstimos a pequenas e médias empresas, por sua vez, aumentaram 36,5%, e o segmento de “corporate” que inclui empresas com faturamento anual entre 300 milhões e 4 bilhões de reais registrou crescimento de 5,2%.
De acordo com o BV, os números “refletem o reposicionamento estratégico do banco de priorizar rentabilidade, pulverizar risco e ter uma atuação oportunística no segmento ‘large corporate'”, conforme comunicado à imprensa.
Ferreira destacou que o mercado de crédito para pessoa jurídica está “entrando em uma normalidade maior”, conforme fatores que adicionaram cautela no ano passado estão ficando para trás.
“A única carteira de atacado que caiu ano contra ano é a carteira de ‘large corporate’, mas por outro lado o BV bateu recorde de originação de dívida em mercado de capitais… Essas mesmas empresas foram servidas pelo BV dentro dessas operações”, afirmou em entrevista à Reuters.
As operações de dívida em mercado de capitais coordenadas/distribuídas pelo BV somaram 26 bilhões de reais no segundo trimestre, cinco vezes a mais do que no mesmo período de 2023.
O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) subiu 2,1 pontos percentuais, a 11,1%, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira, que também mostraram que o banco terminou a primeira metade do ano com índice de Basileia de 15,6%, de 14,7% um ano antes.
A Bankly, o negócio de plataforma do BV, encerrou o período com 138 parceiros conectados e 32 bilhões de reais em volume transacionado.
Ferreira afirmou que o banco continua atento a teses que o ajudem a diversificar fontes de receitas, e uma das temáticas observadas com muita atenção está relacionada a ativos digitais.
“Talvez aqui (no segmento de ativos digitais) tenha, não sei se M&A, mas talvez tenha inovação e operações inéditas, talvez ao longo do terceiro trimestre”, adiantou, sem dar detalhes.
O BV chegou ao final de junho com 5,8 milhões de clientes, 1 milhão a mais do que um ano antes.