O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que uma moeda comum para transações comerciais entre os países do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — reduziria as vulnerabilidades dessas nações.
“A criação de uma moeda para as transações comerciais e de investimentos entre os membros do Brics aumenta as nossas opções de pagamento e reduz as nossas vulnerabilidades”, disse Lula em discurso na sessão plenária de abertura da reunião de cúpula do Brics, realizada em Johanesburgo, na África do Sul.
Em sua fala, Lula também voltou a criticar o sistema financeiro global, apontando falta de representatividade em instituições multilaterais de crédito como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, criados na década de 1940 durante conferência em Breton Woods, nos Estados Unidos.
“Precisamos de um sistema financeiro internacional que ao invés de alimentar as desigualdades ajudem os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais. Isso só ocorrerá com representatividade adequada nas instituições de Breton Woods e seus fundos climáticos”, afirmou o presidente.
Lula, que na véspera havia defendido a retomada da Organização Mundial do Comércio (OMC), advogou pela retomada do sistema multilateral de comércio “para voltar a atuar como ferramenta para um comércio justo, previsível, equitativo e não discriminatório”.
Sobre a guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, Lula voltou a defender a criação de um grupo de países para intermediar conversas de paz e criticou o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
“A guerra da Ucrânia evidencia as limitações do Conselho de Segurança. Muitos outros conflitos e crises não recebem a atenção devida mesmo causando vasto sofrimento às suas populações”, disse.
Ao afirmar que a guerra na Ucrânia afeta de maneira desproporcional as populações vulneráveis de países em desenvolvimento, Lula saudou o que afirmou ser um número crescente de países dispostos em discutir o fim do conflito, citando iniciativas de Brasil, China e África do Sul.
“Achamos positivo que um número crescente de países, entre eles os países dos Brics, estejam engajados em contato direto com Moscou e com Kiev. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, tampouco podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia”, afirmou.
“O Brasil não contempla fórmulas unilaterais para a paz. Estamos prontos para nos juntar a um esforço que possa efetivamente contribuir para um pronto cessar-fogo e uma paz justa e duradoura.”