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Lula e Haddad já contaminaram a economia em 2025

Expectativas de inflação acima da meta até 2027 "endurece" os mecanismos de formação de preços e tornam a tarefa de reduzir a alta mais custosa para o Banco Central

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Lula Mercados Economia

A divulgação do relatório Focus nesta segunda-feira (23) revela que o mercado financeiro parece ter entendido que a decepção com o controle fiscal do governo Lula terá um efeito irreversível sobre a economia real em 2025.

“Mais uma vez, a crise de confiança afeta as expectativas e, consequentemente, a realidade brasileira. Esse é um dos poucos fatores capazes de provocar simultaneamente uma elevação das expectativas de juros e de inflação”, destaca Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

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A inflação projetada para 2024 subiu 2 pontos-base, alcançando 4,91%. Para 2025, um “aumento impressionante” de 24 pontos-base, atingindo 4,84% e, para 2027, uma desancoragem para 3,8% (+14 pontos-base), destaca Sanchez.

As revisões de inflação foram realizadas apesar da alta nas perspectivas para a Selic, de 14,00% para 14,75% no fim de 2025, com as mudanças recentes para 15%, e de 11,25% para 11,75% em 2026.

Apesar de o PIB de 2024 e 2025 ter sido revisado para cima, a pequena magnitude dessas revisões, de +7 pontos-base e +1 ponto-base, respectivamente, “é insuficiente para justificar os fortes avanços inflacionários, o que só fecha a conta se adicionarmos a crise de confiança ao cenário”, opina.

Vale destacar que a projeção do PIB para 2026 já foi revisada para baixo, marcando a primeira semana de revisão negativa, de 2,% para 1,9%.

“Para que a crise se estabeleça por completo, será necessário que passemos a observar o movimento atual associado a uma queda nas expectativas de atividade econômica, fator que julgamos ser o próximo nessa cadeia de eventos”, projeta Sanchez.

Economia contaminada

Para Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, as expectativas de inflação de médio prazo desancoradas refletem um cenário de uma economia com uma lacuna positiva de produção e mercado de trabalho, “políticas fiscais e quase fiscais pró-cíclicas expansionistas e prêmios de política fiscal dada a relutância da administração em adotar uma postura fiscal mais rígida”.

Segundo ele, as expectativas de inflação de médio prazo acima da meta prolongadas (2026-27) “contaminam e endurecem os mecanismos de formação de preços e tornam mais custoso para o Banco Central entregar a inflação na meta”.

Lula
(Imagem: REUTERS/Andressa Anholete)

Felipe Miranda, CIO e Estrategista-Chefe da Empiricus Research, com o dólar acima de R$ 6, indo para R$ 7 ou R$ 8 rapidamente se as coisas não mudarem, a inflação de 2025 deve ser superior a 6%, com a curva de juros apontando uma Selic terminal acima de 16%.

“Não sei se chegará a tanto, mas o aperto monetário em curso vai bater na atividade. O desemprego aumenta. Já temos contratado um incremento do índice de miséria. É inexorável. A inflação já vai subir. E se o senhor [Lula] tentar impedir o aumento do desemprego, mantendo o pé na tábua fiscal, só vai jogar querosene nessa fogueira, pois ficará ainda mais claro que a dívida é insustentável. O dólar vai disparar. Perderemos a moeda e a inflação virá a galope”, opina.

Pacote de gastos

Tiago Sbardelotto, economista da XP Investimentos, estima que a economia projetada no pacote de redução de despesas aprovado no Congresso para os próximos dois anos caiu de R$ 52,3 bilhões para R$ 44,3 bilhões – uma diferença de R$ 8 bilhões.

“Mais importante ainda, para o longo prazo, a economia esperada caiu de R$ 294,2 bilhões para R$ 232,2 bilhões, uma redução significativa. Em nossa opinião, o resultado foi ligeiramente negativo: as mudanças estruturais no BPC foram praticamente eliminadas, o FCDF não foi alterado e o limite dos super-salários foi adiado”, explica.

Segundo ele, de qualquer forma, o resultado apenas reforçou a visão de que esse foi um pacote tímido de mudanças, que não tratou das questões mais importantes do orçamento federal (como a indexação de benefícios) e que servirá apenas para manter o limite de gastos do arcabouço fiscal por mais dois ou três anos.

O economista-chefe da Capital Economics, uma consultoria global, resume bem o que esperar de 2025: “A posição fiscal do Brasil é uma grande preocupação”, destaca em um relatório sobre os emergentes no próximo ano, divulgado hoje.

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