O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, em entrevista ao SBT, que a Petrobras (PETR3; PETR4) não tem de pensar apenas nos seus acionistas, defendendo que recursos destinados a dividendos sejam transformados em investimentos.
Lula disse que a petroleira tem de pensar nos 200 milhões de brasileiros “sócios” da empresa, e não pode ficar presa à “choradeira do mercado”.
O presidente acrescentou que teve conversas com a diretoria da Petrobras para conscientizar a empresa da importância de se pensar no povo brasileiro.
“Se eu for atender apenas à choradeira do mercado, você não faz nada, porque o mercado, vou contar uma coisa para vocês, o mercado é um rinoceronte, um dinossauro voraz, ele quer tudo para ele e nada para o povo.”
Na semana passada, o conselho de administração da Petrobras decidiu não pagar dividendos extraordinários, em decisão que partiu do próprio Lula, de acordo com duas fontes do governo.
“Será que o mercado não tem pena das pessoas que passam fome? Será que o mercado não tem pena de 735 milhões de pessoas que não têm o que comer? Será que o mercado não tem pena das pessoas que dormem na sarjeta no centro de São Paulo e no Rio de Janeiro? Será que o mercado não tem pena das meninas com 12 e 13 que às vezes vendem o corpo por causa de um prato de comida?”, disse o petista.
Segundo Lula, não é correto a Petrobras, que tinha que distribuir R$ 45 bilhões, querer pagar R$ 80 bilhões em dividendos.
“E R$ 40 bilhões a mais que poderiam ter sido colocados para investimento, fazer mais pesquisa, mais navio, mais sonda… Não foi feito”, afirmou.
“Tenho compromisso com o povo brasileiro de reduzir o preço do combustível, da gasolina, do gás de cozinha e do óleo diesel. A gente não tem por que ter preço equiparado a preço internacional. Porque somos autossuficientes na prospecção de petróleo”, apontou.
As ações PN da Petrobras, que subiam nesta segunda-feira minutos antes do encerramento do pregão na B3, reverteram curso e fecharam em queda de 1,3%, a 35,65 reais, após as declarações de Lula.