O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que reiterou ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, em encontro no Palácio do Planalto, o desejo do Brasil de concluir o mais brevemente possível o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
Lula disse, em declaração à imprensa ao lado de Mattarella, que o avanço das negociações depende de os europeus resolverem suas próprias contradições internas.
Em sua fala, o presidente italiano disse que ele e Lula concordaram ser “indispensável” aprovar rapidamente o acordo.
Na semana passada, durante reunião de cúpula do Mercosul, o presidente brasileiro já havia dito que o acordo só não foi concluído ainda porque o bloco europeu não conseguiu resolver suas questões internas.
“Como fiz na recente Cúpula do Mercosul em Assunção, reiterei ao presidente italiano o interesse do Brasil em concluir, o quanto antes, um acordo com a União Europeia que seja equilibrado e que contribua para o desenvolvimento das duas regiões”, disse Lula.
O acordo comercial vem sendo negociado há mais de 20 anos. Em 2019, Mercosul e UE chegaram a assinar uma versão, que terminou nunca sendo ratificada pelos países-membros. Em meio à difícil relação do governo Jair Bolsonaro com os europeus, com aumento do desmatamento e o não cumprimento de regras ambientais pelo Brasil, vários países se recusaram a aderir ao texto.
No final de 2022, a UE aprovou regras duras sobre importação de produtos que venham de área de floresta, atingindo diretamente o Brasil, além de ter enviado ao Mercosul uma série de exigências ambientais adicionais.
As negociações foram reabertas em março de 2023 e chegaram a ter um bom avanço, segundo negociadores, mas não foram fechadas no fim do ano passado por conta da troca de governo na Argentina e pela rejeição da França, em meio a protestos de agricultores locais que se opõem à entrada de produtos agrícolas da América do Sul.
Lula disse que os países europeus precisam resolver suas próprias contradições internas, mencionando que as exigências ambientais feitas de forma unilateral pela UE afetariam, por exemplo, cinco dos dez produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano.
“A redução das emissões de CO2 é um imperativo, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar as vidas dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, afirmou Lula em sua declaração.