O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta terça-feira que o Brasil já informou à União Europeia que não “abre mão” da questão das compras governamentais no âmbito das negociações do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul.
“Tem uma coisa que eu já disse à União Europeia que o Brasil não abre mão que são as compras governamentais”, disse Lula durante live em suas redes sociais.
A UE defende a possibilidade de que empresas de membros dos dois blocos possam participar em pé de igualdade de licitações governamentais em todos os países pertencentes ao acordo, mas Lula destacou que as licitações podem beneficiar o crescimento de pequenas e médias empresas nacionais e que a concorrência europeia traria dificuldades a elas.
“São através das compras governamentais que a gente pode fazer com que pequenas e médias empresas brasileiras possam crescer e ficar grandes”, acrescentou.
O acordo comercial entre Mercosul e UE foi alcançado em 2019, mas está suspenso devido a uma série de discordâncias entre os dois blocos. Além das compras governamentais, os países também não conseguem chegar a um consenso sobre questões ambientais.
No início deste ano, a União Europeia apresentou ao Mercosul um adendo ao acordo que incluía salvaguardas ambientais para atender às reservas de muitos Estados-membros do bloco europeu, mas os países sul-americanos têm repetidamente denunciado a ação como uma “ameaça”.
O Brasil, que atualmente ocupa a presidência pro tempore do Mercosul e já afirmou seu desejo de concluir o acordo ainda neste ano, disse neste mês que a resposta do Mercosul aos pontos acrescentados pela UE já foram entregues.
Na segunda-feira, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse que interromperá as negociações caso as partes não cheguem a um acordo antes de 6 de dezembro, quando o Brasil entregará a presidência do bloco sul-americano ao seu país.
Cirurgia no quadril
Na live, Lula ainda voltou a falar sobre a cirurgia a que será submetido na sexta-feira para tratar de uma artrose no quadril e disse que o procedimento, apesar de parecer simples, requere “muita disciplina” no processo de recuperação.
“Eu vou ter que ter um pouco de cuidado, porque a operação parece simples, mas a recuperação, a fisioterapia e a dedicação no tratamento é fundamental… Eu tenho que ter muita disciplina na recuperação”, disse.
Lula reiterou que já sente dores na região desde agosto do ano passado, mas que adiou a operação para poder focar em sua campanha eleitoral e posteriormente nos primeiros meses de seu governo.
Ele também disse que deve ficar em Brasília durante todo o seu processo de recuperação e que só voltará a viajar no fim de novembro, quando participará da COP28, a ser realizada entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro nos Emirados Árabes.