O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, durante reunião de cúpula do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — que o mundo está sob risco de uma guerra nuclear e defendeu a cooperação entre países em desenvolvimento.
Em sua fala durante o Diálogo de Amigos do Brics, parte da reunião de cúpula do grupo que está sendo realizada em Johanesburgo, na África do Sul, Lula também defendeu a entrada da União Africana como integrante do G20.
“É hora de revitalizar a cooperação entre os países em desenvolvimento. Vemos, hoje, o surgimento de novos desafios, que se somam a problemas de longa data. Fomos atingidos por uma pandemia, por novos conflitos e por uma grave emergência climática, no momento em que trabalhávamos pela implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse Lula.
“A insegurança alimentar regrediu para os patamares de 2005. A democracia, em vários lugares, se vê ameaçada pelo extremismo ou corroída pela xenofobia. E estamos, mais uma vez na história, sob o risco de uma guerra nuclear. O mundo andou para trás”, avaliou.
O presidente voltou a criticar os órgãos multilaterais, que segundo ele “falham ao responder a ameaças à paz”, e também fez a avaliação de que “as promessas da globalização não se cumpriram”.
Ao mesmo tempo, Lula afirmou que “muitas das respostas que buscamos para uma construir um mundo mais equitativo estão na África” e teceu elogios ao bloco de países africanos.
“O Brasil vai assumir a presidência do G20 em dezembro e quer recolocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional. Não podemos fazer isso sem maior representatividade para a África. Por isso defendemos o ingresso da União Africana como membro do G20”, afirmou.
Em seu discurso, Lula criticou os juros cobrados das dívidas dos países em desenvolvimento e os apontou como um inibidor do crescimento dessas nações.
“Muitas nações se veem, hoje, tolhidas por dívidas impagáveis. Nos últimos anos, o volume de recursos direcionados a países do Sul Global, via comércio e investimentos, vem diminuindo”, disse.
“Ao mesmo tempo, instituições financeiras impõem juros elevados e condicionalidades que estreitam o espaço de atuação do Estado. É impossível promover o desenvolvimento sustentável se o orçamento público é consumido pelo serviço da dívida.”