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Marcos Hashimoto: uma lição de empreendedorismo

por Bruno Biscaia
3 min leitura

Marcos Hashimoto: uma lição de empreendedorismoO artigo de hoje vem na forma de uma entrevista realizada por mim com o Doutor em Administração de Empresas pela EAESP/FGV, Marcos Hashimoto. Você verá a seguir um papo de muito conteúdo e simples entendimento a respeito do tema Empreendedorismo. São sete perguntas que incluem algumas dicas que você pode inserir em seu dia a dia e melhorar sua capacidade de realização e incentivar o desejo de empreender. Aproveite!

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Marcos Hashimoto é Coordenador do Centro de Empreendedorismo, professor e pesquisador do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), sócio-diretor da Lebre Consulting e autor dos livros “Espírito Empreendedor nas Organizações” (Ed. Saraiva) e “Lições de Empreendedorismo” (Ed. Manole). Marcos já atuou em cargos executivos em multinacionais como Citibank e Cargill Agrícola.

1. Simpatizo bastante com a definição de empreendedorismo elaborada pela Harvard Business School, que diz que “empreendedorismo é a busca incansável por oportunidades, independentemente dos recursos disponíveis”. E para você, o que é empreendedorismo e qual a melhor maneira de se desenvolver um perfil empreendedor?
Marcos Hashimoto: Eu também concordo com esta definição, mas vou além: acredito que também seria a capacidade de gerar inovações independentemente dos recursos disponíveis.

2. Em seu primeiro livro, “Espírito Empreendedor nas Organizações – Aumentado a competitividade através do intra-empreendedorismo” (Ed. Saraiva), você afirma que o intra-empreendedor é fundamental para o desenvolvimento de qualquer instituição. Dessa forma, como o dono do negócio deve reagir quando a empresa não dispõe desse personagem? A melhor alternativa é contratar alguém que possua essa qualidade ou treinar a equipe buscando desenvolver esse perfil? Qual a melhor forma de desenvolver o intra-empreendedorismo?
MH: Não conheço nenhuma empresa que não tenha pelo menos um funcionário com perfil empreendedor. É estatisticamente impossível. No mínimo uma pessoa é inconformada com a situação, quer promover mudanças, pensa diferente da maioria e faz as coisas acontecerem independentemente de ser de sua responsabilidade ou não.

Sempre tem gente assim. O que pode acontecer é que a empresa tem um clima tão restritivo, com tão pouca liberdade, que os empreendedores ficam escondidos e não se manifestam para não perder o emprego.

Contratar alguém com este perfil é sempre bom, é até desejado, mas as áreas de recrutamento das empresas não sabem sair da retórica. Não conseguem colocar o discurso na prática, ou seja, querem pessoas com perfil empreendedor, mas não sabem identificá-lo. Em muitos casos, acontece justamente o contrário: em vez de contratarem uma pessoa que pense diferente dos demais, buscam pessoas que pensam de forma igual.

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Existem várias formas de desenvolvimento do intra-empreendedorismo, mas não existe a melhor forma. Como se trata de mexer profundamente com o clima interno e, muitas vezes, até com a cultura interna, estas mudanças são gradativas, customizadas e realizadas apenas no longo prazo. Depende muito das circunstâncias existentes na organização.

3. Em uma reportagem veiculada na Revista PEGN (Ed. Globo), intitulada “Conversa de empreendedor – por que as empresas fecham?”, você afirma que não há uma idade ideal para se empreender. Mas, de acordo com sua experiência, qual o melhor estágio da vida para “apostar as fichas” no próprio negócio? O quanto pode ser perigosa a falta de autoconhecimento em momentos decisivos como esse?
MH: Eu sempre digo que “apostar as fichas” envolve assumir riscos. E você assume mais riscos quando tem menos a perder e muito a aprender, ou seja, quando é jovem. De fato, existe esta questão da falta de experiência e da falta de autoconhecimento, mas, você quer saber? O autoconhecimento é mais acessível e mais rico quando o jovem embarca em uma aventura empreendedora.

Essa aventura nos permite descobrir nossas limitações e nossas potencialidades à medida que surgem situações nas quais somos obrigados a ir até os nossos limites e então conseguirmos superá-los.

4. Nessa mesma reportagem você deu atenção ao fato de que o tempo dedicado ao Plano de Negócio (PN) está diretamente relacionado à probabilidade de o empreendimento ser bem sucedido. Dessa forma, fica o questionamento: é bom investir muito tempo nessa preparação? É importante, durante esse processo de planejamento, perguntar a opinião de profissionais sobre a chance de o projeto não dar certo?
MH: Na verdade, quanto maior o tempo dedicado ao Plano de Negócios, maior a chance de o empreendimento ser mal sucedido. É o dilema do planejamento versus ação. Eu falo que planejamento demais pode “engessar” o empreendimento.

No entanto, perguntar a opinião de profissionais é sempre importante, não só para melhorar o desenvolvimento da idéia, mas principalmente porque é daí que vem o auto desenvolvimento. Na minha pesquisa eu cito que, quanto maior a rede de relacionamentos, maior é a chance de um empreendimento nascente dar certo.

5. Como o empreendedor pode se proteger diante de cenários de incertezas? Você acredita que a prática do networking – que você descreve como fator Capital Social do Empreendedor – pode ajudar neste sentido?
MH: Como eu falei, o capital social é fundamental na fase inicial de vida do negócio, embora aparentemente não faça diferença quando o negócio já está estabelecido. De qualquer forma, o empreendedor busca sempre reduzir as incertezas, pois incerteza implica em risco. Dessa forma, ele pode reduzir a incerteza adquirindo conhecimento, usando sua rede de relacionamentos, testando em pequena escala e buscando exemplos similares, entre outras formas.

6. Diante do cenário econômico atual (de recuperação da crise mundial) e das previsões de constante crescimento para o país, que dicas você poderia dar para quem quer empreender, tem uma boa idéia, mas ainda está engatinhando na parte de como “fazer a coisa acontecer”?
MH: Parta para a ação. Não espere o melhor momento, pois este não existe. Tem que dar o primeiro passo e as outras decisões devem ser tomadas diante das circunstâncias, conforme elas aparecem. Só em algum momento futuro ele deve parar, sair do foco e olhar o todo, a floresta, e então tomar decisões estratégicas que levem o negócio a novos patamares. Se puder começar pequeno e crescer devagar, ótimo. Este é o melhor caminho, na minha opinião.

7. O seu livro mais recente, “Lições de Empreendedorismo” (Ed. Manole), se destina a empreendedores e a todos aqueles que buscam realizar metas e objetivos. Que mensagem você pode deixar para essas pessoas que buscam o desenvolvimento constante em suas vidas?
MH:
Não se acomode nunca. Quando você chegar a uma posição estável, confortável, tranqüila, é porque está na hora de mudar alguma coisa. Mário Andretti, ex-piloto da fórmula Indy, disse uma vez que quando ele sente que o carro está sob controle durante uma corrida é porque ele não está correndo o suficiente. Pensem nisso!

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Bruno Biscaia
já atuou nos setores de Marketing de Eventos e de Planejamento e Controle da Produção. É estudante de Engenharia de Produção Mecânica na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e edita a seção de Empreendedorismo do Dinheirama.

Crédito da foto para stock.xchng.

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