Home Carreira Marcos Hashimoto: uma lição de empreendedorismo

Marcos Hashimoto: uma lição de empreendedorismo

por Bruno Biscaia
0 comentário

Marcos Hashimoto: uma lição de empreendedorismoO artigo de hoje vem na forma de uma entrevista realizada por mim com o Doutor em Administração de Empresas pela EAESP/FGV, Marcos Hashimoto. Você verá a seguir um papo de muito conteúdo e simples entendimento a respeito do tema Empreendedorismo. São sete perguntas que incluem algumas dicas que você pode inserir em seu dia a dia e melhorar sua capacidade de realização e incentivar o desejo de empreender. Aproveite!

Marcos Hashimoto é Coordenador do Centro de Empreendedorismo, professor e pesquisador do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), sócio-diretor da Lebre Consulting e autor dos livros “Espírito Empreendedor nas Organizações” (Ed. Saraiva) e “Lições de Empreendedorismo” (Ed. Manole). Marcos já atuou em cargos executivos em multinacionais como Citibank e Cargill Agrícola.

1. Simpatizo bastante com a definição de empreendedorismo elaborada pela Harvard Business School, que diz que “empreendedorismo é a busca incansável por oportunidades, independentemente dos recursos disponíveis”. E para você, o que é empreendedorismo e qual a melhor maneira de se desenvolver um perfil empreendedor?
Marcos Hashimoto: Eu também concordo com esta definição, mas vou além: acredito que também seria a capacidade de gerar inovações independentemente dos recursos disponíveis.

2. Em seu primeiro livro, “Espírito Empreendedor nas Organizações – Aumentado a competitividade através do intra-empreendedorismo” (Ed. Saraiva), você afirma que o intra-empreendedor é fundamental para o desenvolvimento de qualquer instituição. Dessa forma, como o dono do negócio deve reagir quando a empresa não dispõe desse personagem? A melhor alternativa é contratar alguém que possua essa qualidade ou treinar a equipe buscando desenvolver esse perfil? Qual a melhor forma de desenvolver o intra-empreendedorismo?
MH: Não conheço nenhuma empresa que não tenha pelo menos um funcionário com perfil empreendedor. É estatisticamente impossível. No mínimo uma pessoa é inconformada com a situação, quer promover mudanças, pensa diferente da maioria e faz as coisas acontecerem independentemente de ser de sua responsabilidade ou não.

Sempre tem gente assim. O que pode acontecer é que a empresa tem um clima tão restritivo, com tão pouca liberdade, que os empreendedores ficam escondidos e não se manifestam para não perder o emprego.

Contratar alguém com este perfil é sempre bom, é até desejado, mas as áreas de recrutamento das empresas não sabem sair da retórica. Não conseguem colocar o discurso na prática, ou seja, querem pessoas com perfil empreendedor, mas não sabem identificá-lo. Em muitos casos, acontece justamente o contrário: em vez de contratarem uma pessoa que pense diferente dos demais, buscam pessoas que pensam de forma igual.

Existem várias formas de desenvolvimento do intra-empreendedorismo, mas não existe a melhor forma. Como se trata de mexer profundamente com o clima interno e, muitas vezes, até com a cultura interna, estas mudanças são gradativas, customizadas e realizadas apenas no longo prazo. Depende muito das circunstâncias existentes na organização.

3. Em uma reportagem veiculada na Revista PEGN (Ed. Globo), intitulada “Conversa de empreendedor – por que as empresas fecham?”, você afirma que não há uma idade ideal para se empreender. Mas, de acordo com sua experiência, qual o melhor estágio da vida para “apostar as fichas” no próprio negócio? O quanto pode ser perigosa a falta de autoconhecimento em momentos decisivos como esse?
MH: Eu sempre digo que “apostar as fichas” envolve assumir riscos. E você assume mais riscos quando tem menos a perder e muito a aprender, ou seja, quando é jovem. De fato, existe esta questão da falta de experiência e da falta de autoconhecimento, mas, você quer saber? O autoconhecimento é mais acessível e mais rico quando o jovem embarca em uma aventura empreendedora.

Essa aventura nos permite descobrir nossas limitações e nossas potencialidades à medida que surgem situações nas quais somos obrigados a ir até os nossos limites e então conseguirmos superá-los.

4. Nessa mesma reportagem você deu atenção ao fato de que o tempo dedicado ao Plano de Negócio (PN) está diretamente relacionado à probabilidade de o empreendimento ser bem sucedido. Dessa forma, fica o questionamento: é bom investir muito tempo nessa preparação? É importante, durante esse processo de planejamento, perguntar a opinião de profissionais sobre a chance de o projeto não dar certo?
MH: Na verdade, quanto maior o tempo dedicado ao Plano de Negócios, maior a chance de o empreendimento ser mal sucedido. É o dilema do planejamento versus ação. Eu falo que planejamento demais pode “engessar” o empreendimento.

No entanto, perguntar a opinião de profissionais é sempre importante, não só para melhorar o desenvolvimento da idéia, mas principalmente porque é daí que vem o auto desenvolvimento. Na minha pesquisa eu cito que, quanto maior a rede de relacionamentos, maior é a chance de um empreendimento nascente dar certo.

5. Como o empreendedor pode se proteger diante de cenários de incertezas? Você acredita que a prática do networking – que você descreve como fator Capital Social do Empreendedor – pode ajudar neste sentido?
MH: Como eu falei, o capital social é fundamental na fase inicial de vida do negócio, embora aparentemente não faça diferença quando o negócio já está estabelecido. De qualquer forma, o empreendedor busca sempre reduzir as incertezas, pois incerteza implica em risco. Dessa forma, ele pode reduzir a incerteza adquirindo conhecimento, usando sua rede de relacionamentos, testando em pequena escala e buscando exemplos similares, entre outras formas.

6. Diante do cenário econômico atual (de recuperação da crise mundial) e das previsões de constante crescimento para o país, que dicas você poderia dar para quem quer empreender, tem uma boa idéia, mas ainda está engatinhando na parte de como “fazer a coisa acontecer”?
MH: Parta para a ação. Não espere o melhor momento, pois este não existe. Tem que dar o primeiro passo e as outras decisões devem ser tomadas diante das circunstâncias, conforme elas aparecem. Só em algum momento futuro ele deve parar, sair do foco e olhar o todo, a floresta, e então tomar decisões estratégicas que levem o negócio a novos patamares. Se puder começar pequeno e crescer devagar, ótimo. Este é o melhor caminho, na minha opinião.

7. O seu livro mais recente, “Lições de Empreendedorismo” (Ed. Manole), se destina a empreendedores e a todos aqueles que buscam realizar metas e objetivos. Que mensagem você pode deixar para essas pessoas que buscam o desenvolvimento constante em suas vidas?
MH:
Não se acomode nunca. Quando você chegar a uma posição estável, confortável, tranqüila, é porque está na hora de mudar alguma coisa. Mário Andretti, ex-piloto da fórmula Indy, disse uma vez que quando ele sente que o carro está sob controle durante uma corrida é porque ele não está correndo o suficiente. Pensem nisso!

Livro "Lições de Empreendedorismo"Promoção exclusiva
Concorra a um exemplar do livro “Lições de Empreendedorismo” (Ed. Manole). Aproveite o espaço de comentários deste artigo e escreva ou cite uma frase/história de empreendedorismo que o motivou em momentos de dificuldade, incerteza ou superação. Use nome e e-mail reais e deixe seu recado até o dia 20/07. Boa sorte!

——
Bruno Biscaia
já atuou nos setores de Marketing de Eventos e de Planejamento e Controle da Produção. É estudante de Engenharia de Produção Mecânica na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e edita a seção de Empreendedorismo do Dinheirama.

Crédito da foto para stock.xchng.

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Mail Dinheirama

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.