A Marfrig (MRFG3) encerrou o terceiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 79,1 milhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 112 milhões de igual período de 2023, informou a companhia na quarta-feira, 13, depois do fechamento do mercado financeiro.
O Ebitda subiu 60,4% ante o terceiro trimestre de 2023, de R$ 2,414 bilhões para R$ 3,872 bilhões. Já a margem Ebitda ficou em 10,3%, 3,07 pontos porcentuais acima de um ano antes. A receita líquida aumentou 12,4%, de R$ 33,548 bilhões para R$ 37,701 bilhões de julho a setembro deste ano.
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“A Marfrig (em base individual e excluindo totalmente as operações descontinuadas) reportou Ebitda ajustado de R$ 904 milhões (3% acima do esperado pelo Bradesco BBI), sem grandes surpresas na frente operacional”, explicam os analistas Henrique Brustolin e Ricardo Rosalen.
De acordo com a empresa, a dívida líquida fechou o terceiro trimestre de 2024 em R$ 38,903 bilhões, alta de 16% ante igual período de 2023. A alavancagem em reais, medida pela relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado, passou de 3,91 vezes ao fim de setembro de 2023 para 3 vezes no término do terceiro trimestre deste ano.
“Qualitativamente falando, os resultados da Marfrig mais uma vez corresponderam às expectativas. Ainda assim, mantemos nossa recomendação Neutra, pois acreditamos que o ciclo negativo do gado na América do Norte continuará limitando o ritmo de redução da alavancagem da Marfrig e se traduzindo em múltiplos mais altos para a empresa em um futuro próximo”, pontua o Bradesco BBI, que também viu a distribuição de dividendos como ” inesperada “.
O fluxo de caixa operacional atingiu R$ 3,695 bilhões. Os investimentos consolidados no terceiro trimestre foram de R$ 942 milhões.
“Estamos avançando de forma consistente em nossos negócios, com uma plataforma completa de produção, venda e distribuição de alimentos de valor agregado, suportada por marcas fortes e que chegam a cada vez mais mercados e consumidores”, afirmou, no release de resultados, o controlador e presidente dos Conselhos de Administração de Marfrig e BRF, Marcos Molina.
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Operações
A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de US$ 3,244 bilhões, queda de 3,9% em relação a igual período de 2023. O Ebitda ficou em US$ 79 milhões, queda de 47,1%. A margem Ebitda da operação foi de 4,5%, contra 6,7% um ano antes. O volume total comercializado pela unidade foi de 508 mil toneladas, queda de 4,9%. Do total, 439 mil toneladas foram destinadas ao mercado interno e outras 69 mil toneladas ao mercado externo.
“A demanda por carne bovina nos Estados Unidos segue aquecida e, graças à resiliência operacional, temos conseguido performar consistentemente acima da média da indústria apesar do momento de baixa no ciclo do gado”, disse o CEO da Operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein.
Já na operação América do Sul, a receita líquida aumentou 28,9%, para R$ 4,268 bilhões no terceiro trimestre de 2024. O Ebitda alcançou R$ 517 milhões, alta de 8,2%, enquanto a margem Ebitda ficou em 12,1%. O volume de vendas foi de 219 mil toneladas, 22,1% maior na comparação anual. Foram 87 mil toneladas exportadas e 131 mil toneladas destinadas ao mercado interno.
“De janeiro a setembro, conquistamos 30 novas habilitações na região, que contribuíram para diversificar o mercado e permitiram à nossa operação exportar para destinos com melhor preço, como os Estados Unidos e o México”, comentou o CEO da Operação América do Sul, Rui Mendonça.
A companhia destacou que o resultado da BRF, com receita líquida de R$ 15,449 bilhões, Ebitda de R$ 2,968 bilhões e margem Ebitda de 19,2%, foi um dos impulsionadores do seu desempenho no segundo trimestre de 2024.
Dividendos
A Marfrig Global Foods anunciou, em fato relevante, divulgado nesta quarta-feira, a aprovação de pagamento de dividendos no valor de R$ 2,5 bilhões, com base nos lucros apurados no balanço relativo ao terceiro trimestre. O montante será imputado ao dividendo obrigatório do exercício de 2024.
Segundo o BTG, isso representa um impressionante rendimento de dividendos de 18%.
“Acreditamos que seria uma opção melhor com base na avaliação implícita das ações da Marfrig em relação ao valor de sua participação na BRF (BRFS3). Dito isso, a decisão reflete indiscutivelmente a visão construtiva da Marfrig em relação aos resultados e fluxos de caixa da BRF no futuro”, apontam os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla.
O valor será de R$ 2,824256 por ação ordinária, desconsiderando-se as ações em tesouraria. O pagamento será realizado em 26 de dezembro, em moeda corrente nacional, por meio do Banco Bradesco, sem retenção de imposto de renda na fonte, conforme a legislação vigente.
“Fica claro, portanto, que a avaliação da BRF tem um impacto tremendo em como as ações da Marfrig irão se comportar. Fora isso, as esperanças por um desempenho mais forte dependeriam da capacidade da Marfrig de desalavancar organicamente a holding. Embora os dividendos anunciados provavelmente sejam comemorados pelo mercado, eles também limitam o potencial de desalavancagem de curto prazo”, opinam. A recomendação do BTG é neutra.
Os acionistas registrados até a data-base de 12 de dezembro de 2024 terão direito ao dividendo, e as ações da companhia serão negociadas “ex-dividendos” a partir de 13 de dezembro de 2024. Para os investidores de ADRs, o pagamento será efetuado pelo JP Morgan Chase Bank.