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O Mau Humor da Base de Apoio da Presidente Dilma

por Alvaro Bandeira
3 min leitura
Foto Shutterstock

Estamos “chovendo no molhado” ao afirmar que é notório o mau humor da base de apoio da presidente no parlamento. Afinal, os veículos de comunicação estampam isso todos os dias. Ocorre que quando parece que tudo vai começar a melhorar aparecem novos episódios para complicar mais um pouco. Nessa semana que está terminando, o presidente do Congresso Renan Calheiros deu o tom desse mau humor para cima do melhor interlocutor atual do governo, qual seja o ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Renan acatou o pedido do ministro Levy para não forçar a mudança de indexador das dívidas de Estados e Municípios antes de achar uma proposta conciliatória para o assunto, o que, segundo cálculos, retiraria do superávit primário cerca de R$ 3,0 bilhões. Não é exatamente muito perante os R$ 66 bilhões que o governo terá que fazer de superávit, mas incomoda bastante, principalmente pela postura beligerante do congresso.

Esses confrontos com o governo são liderados por Renan Calheiros e Eduardo Cunha, presidentes das duas casas do Congresso e que têm como origem a suspeita de que o governo teria propositadamente anexados seus nomes nas denúncias da operação Lava Jato. Correndo por fora ainda teríamos o ostracismo imposto ao vice-presidente Michel Temer na condução das políticas de governo e as seguidas tentativas da presidente em enfraquecer o PMDB, partido dos dois parlamentares.

O presidente do Senado chegou a afirmar que Joaquim Levy teria até a primeira semana de abril para apresentar programa de ajuste com início, meio e fim; e que faça cortes na máquina e não onere mais a política tributária e a população. Podemos interpretar isso como um xeque mate ao bom relacionamento entre Executivo e Legislativo, depois de o governo ter feito mais uma tentativa de esvaziamento do PMDB, pela recriação do PL.

Não temos dúvidas em afirmar que Levy tem atuado na prática quase como se fosse um primeiro ministro, mas o foco está na presidente e seu fastio em lidar com o segmento político. O ex-presidente Lula ainda coloca mais combustível ao se afastar da presidente e em “liberar” correligionários para votarem com suas consciências, conforme reza o noticiário sobre encontro com Paulo Paim, por exemplo.

Assim, podem ocorrer novas defecções na base de apoio de Dilma. Ora, a presidente não tem outra diretriz que não seja a de se aproximar do PMDB para governar, até por que a percepção de sua gestão pela população cai radicalmente segundo as pesquisas, e vai sofrer outra rodada de manifestações por todo o país, convocada nas redes sociais.

Parece claro que nesse momento a cena política está dominando o conturbado e difícil quadro econômico. O problema está então nas dificuldades de aprovação de medidas com a rapidez e profundidade requeridas para o momento. Convém não esquecer que a S&P manteve o grau de investimento do Brasil no “fio do bigode” da equipe econômica implantando mudanças. Caso isso não ocorra, a visão externa do Brasil irá piorar muito, comprometendo imensamente a vertente de atrair investimentos e investidores, principalmente no que tange à destruída infraestrutura.

Os mercados locais por sua vez demonstram toda essa inconsistência. A Bovespa não consegue se descolar do entorno dos 50.000 pontos, os juros sobem na tentativa de trazer a inflação minimamente para o teto da meta (já ficou longe) e o câmbio dispara, não só pela tendência internacional, mas, sobretudo, pelas confusões internas.

Inflação alta, PIB em contração, ausência de investimentos relevantes, necessidade de aprimoramento nas concessões e corrupção generalizada ajudam a compor esse quadro. Juntamos ainda a discussão que promete atravessar todo o ano sobre os efeitos econômicos da Petrobras, empreiteiras e setor de óleo e gás comprometido.

Não é por outra razão que os investidores buscam alternativas mais protegidas para suas aplicações, preocupados ainda com a onda de boatos sobre confisco, tributação de grandes fortunas e carga tributária. É exatamente por essa razão que indicamos maior prudência na assunção de posições de curto prazo, e sugerimos a aplicação em fundos, onde os gestores fazem todo trabalho de avaliação.

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Nota: Esta coluna é mantida pela Órama, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.

Foto: Brazil’s President Dilma, Shutterstock

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