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Mercado ‘aceita’ plano da Via para sair do prejuízo e ação dispara

Analistas veem plano "lúcido", mas sugerem que as mundanças são urgentes e precisam de impacto no curto prazo

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Via Varejo

As ações da Via (VIIA3) disparam nesta sexta-feira (11) apoiadas em um plano de reformulação total dos negócios da varejista, dona da Casas Bahia e Ponto, que ontem mostrou um prejuízo de quase meio bilhão no segundo trimestre de 2023, o quarto consecutivo, após lucro de R$ 6 milhões um ano antes, no que foi o último lucro trimestral contábil da companhia desde então.

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Na máxima desta sexta-feira (11), os papéis alcançavam R$ 1,96, alta de 7,1%.

“O resultado veio quantitativamente pior do que o consenso do mercado, porém, dentro da nossa expectativa – uma vez que estávamos muito mais pessimistas em relação ao trimestre. O prejuízo líquido se consolidou 11% abaixo do estimado”, escreveram os analistas da Genial Iago Souza, Nina Mirazon e Vinicius Esteves.

Segundo eles, é realmente a “hora de arrumar a casa”. O plano de reestruturação, contudo, visa mudanças que podem ser vistas como uma reforma completa da Via, tendo em vista que a estratégia mira o ano de 2025.

“Acreditamos que a apresentação do plano estratégico e o fato relevante de estudo potencial para emissão de cotas do FIDC, no valor de até R$ 1,5 bilhão, devem aliviar a reação negativa em relação ao fraco resultado operacional reportado nessa quinta-feira. Monitoraremos a execução do plano ao longo dos próximos trimestres”, ressaltam.

Casas Bahia 2
A empresa ainda mira gerar mais R$ 500 milhões com monetização de outros ativos, como operações de “sale and leaseback” com lojas, que envolve a venda dos imóveis e sua posterior locação (Imagem: Reprodução/ Instagram)

O plano: “ganhar dinheiro”

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A transformação do negócio vem depois de uma mudança na alta gestão da companhia durante o segundo trimestre. Renato Horta Franklin veio da Movida para assumir a presidência da varejista, e Elcio Mitsuhiro, com passagens por Iochpe-Maxion (MYPK3) e BRF (BRFS3), veio para a cadeira de diretor financeiro.

“Temos uma mudança de estratégia da companhia. A companhia tinha uma estratégia de crescimento de GMV, de abertura de novos canais, de expansão de lojas, de aposta em fintechs”, disse Franklin à Reuters.

“E a gente entende que isso tudo foi feito, construímos uma super plataforma e ela já é grande. Então, entre investir para crescer mais essa plataforma, ou pegar e rentabilizar o que tenho aqui, a gente prefere ganhar dinheiro com o que tem aqui”, acrescentou.

Os analistas da Ágora Investimentos Pedro Pinto e Flávia Meireles ressaltam que a mudança é urgente.

Eles calculam que, com o atual nível da Selic e endividamento, as despesas financeiras líquidas da Via giram em torno de aproximadamente R$ 2,5 a 3 bilhões, enquanto as operações rendem em torno de R$ 1,5 bilhão de Ebitda.

O resultado financeiro do último trimestre foi negativo em R$ 801 milhões.

“Atingir os objetivos pretendidos é fundamental para que a Via retome uma jornada operacional sustentável. Ficamos satisfeitos com a lucidez do plano e agora estamos ansiosos para monitorar como ele se desenrolará”, pontuam.

Captação mais moderna

A nova gestão da Via também anunciou modificações para fortalecer a estrutura de capital. Uma das alterações principais é com relação à captação de recursos. A Via tem atualmente 50% de sua exposição de crédito ligada aos crediários.

Ou seja, quando um cliente compra um produto no carnê parcelado, a Via adianta os valores a serem recebidos junto a bancos e depois devolve, com juros, quando o cliente terminar de pagar. Agora, o plano é colocar a carteira no mercado de capitais por meio de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) e cessão da carteira de crediário ao FIDC.

“Quando eu começo a tombar isso para uma estrutura de FIDC eu tenho uma liberação de limites de crédito da ordem de 5 bilhões de reais ou mais. E aí posso usar esse limite para outras finalidades dentro da companhia, e o meu crediário está sendo financiado via mercado de capitais de forma direta”, afirmou.

Em fato relevante, a companhia disse que engajou o Banco BTG Pactual e a Polígono Capital visando a estruturação de um primeiro FIDC, bem como um estudo de potencial emissão e oferta de cotas desse FIDC, no valor de até R$ 1,5 bilhão.

(Com Reuters)

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