O mercado de ações dos EUA está com uma avaliação 30% superior àquela vista como justa, avalia a gestora Vanguard em um relatório enviado a clientes nesta semana.
“A diferença cada vez maior entre os preços das ações e a nossa visão deixa a avaliação das ações dos EUA cerca de 30% acima da nossa faixa estimada de seu valor justo”, aponta Qian Wang, economista-chefe e chefe global da Vanguard Capital Markets Model.
A gestora com mais de US$ 7 trilhões em ativos sob administração, pontua que o nível atual está no percentil 99, um nível comparável desde 1950 apenas pela bolha das pontocom e pela reabertura pós-covid.
Considerando uma métrica comum para avaliar o mercado acionário dos EUA, a relação preço/lucro ajustada ciclicamente (CAPE), que suaviza o impacto dos ciclos econômicos, o múltiplo está superior a 30, maior ao da maioria dos períodos dos últimos 70 anos.
“O risco de uma correção nos preços das ações aumentou à medida que as avaliações se tornaram mais esticadas”, alerta a especialista.
Wang explica que uma queda nas taxas de juro poderia ajudar a diminuir a lacuna de avaliação, mas não o suficiente para aumentar significativamente as estimativas de valor justo.
“Após 2024, é pouco provável que o intervalo do valor justo reverta para os níveis prevalecentes no início da década. A era das taxas de juros próximas de zero ficou para trás. É muito provável que a diferença diminua através da queda dos preços das ações”, opina.
Segundo ela, o mercado de títulos nos EUA se adaptou bem ao período de taxas mais altas, porém o mercado de ações continuou a atingir novas máximas, “sugerindo que os investidores podem estar demasiado complacentes quanto à expansão das avaliações”.