O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, pediu calma e cautela aos investidores em meio à expectativa de uma possível alta dos juros. “É importante ter calma, ter cautela nos momentos de muita volatilidade”, destacou, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo.
“A gente tem uma tese não comprovada, mas com indícios, de que o mercado de trabalho forte está começando a afetar serviços, mas ainda não está evidente”, pontuou.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de elevar os juros, Campos Neto destacou que se fosse necessário, o BC elevaria, mas que não lembrava de ter mencionado a possibilidade de aumentar a Selic.
“O mercado já vinha colocando um pouco de expectativa de alta na curva. Mas não depende só do mercado, precisa olhar o cenário daqui para frente. A economia está forte, parte do mercado de trabalho está forte, a inflação em 12 meses bateu 4,5%, mas vai cair um pouco, e os próximos números vão ser melhores.”
Elevação da Selic?
Segundo afirmou à reportagem, o que os dirigentes do Comitê de Política Monetária (Copom) sempre sinalizaram é que se fosse necessário promover alta do juro básico, isso seria feito. “A gente sempre disse que se fosse necessário subir os juros, subiria, mas não lembro de ter falado de alta de juros”, afirma.
Ressaltou que há agora a percepção de que haverá desaceleração organizada, dados sinais de melhora da situação internacional.
“Os economistas não estão prevendo alta de juros para este ano, mas o mercado sim.”
Alta dos juros
De fato, a última edição do relatório Focus mostra que o mercado ainda estima a Selic mantida em 10,5% até o final de 2024. A projeção tem sido mantida há nove semanas.
Contudo, apesar do que afirma Campos Neto, muitos economistas já estão revisando as estimativas para a Selic.
Para a XP Investimentos, o juro deve voltar a subir pela 1ª vez desde 17 de março de 2021 e passar dos atuais 10,5% ao ano para 12% até o final de janeiro.
Segundo o time de economistas da corretora, liderado por Caio Megale, o Copom tem enfatizado sua postura dependente de dados. “E indicadores recentes sugerem que a política monetária não está suficientemente restritiva”, explica.
“Assim, o Copom deve iniciar um ciclo moderado de ajuste monetário já em setembro. Projetamos que a taxa Selic atingirá 12,00%, após uma alta de 0,25 p.p., seguida de duas altas de 0,50 p.p. e uma final de 0,25 p.p. em janeiro do ano que vem”, ressalta.
Para 2025, contudo, a estimativa do Focus também saltou de 9,75% para 10%. Há 4 semanas, o mercado projetava o juro a 9,5%.
(Com Estadão Conteúdo)