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Mercado está errado ao punir ação do Carrefour em 17%, diz BofA

Investidores estão preocupados com a promoção que permite o parcelamento das compras em três vezes sem juros

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Atacadão

O mercado pode estar equivocado ao punir as ações do Carrefour Brasil (CRFB3) em aproximadamente 17% em apenas 5 dias, avalia o Bank of America em um relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (29).

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A queda iniciou-se na última terça-feira (23), quando a varejista apresentou na véspera o seu resultado do segundo trimestre de 2024, com números abaixo do esperado.

Uma a análise do Bank of America, assinada pelos analistas Robert E. Ford Aguilar, Melissa Byun e Wellington Santana, chama a atenção, contudo, para a percepção ruim dos investidores sobre a recente promoção que permite o parcelamento das compras em três vezes sem juros.

Em março, o Carrefour expandiu a oferta para cartões de crédito de terceiros, anteriormente disponível apenas para compras feitas com o cartão de crédito Atacadão. As vendas totais parceladas chegaram a 15% no segundo trimestre.

Na visão do mercado, a estratégia pode trazer benefícios moderados em vendas, mas com um custo significativo em termos de endividamento e despesas com juros. Este movimento gerou um descontentamento e uma subsequente queda acentuada nas ações do Carrefour Brasil e também de seu principal rival, Assaí (ASAI3).

Nos cálculos do BofA, a promoção adicionará cerca de R$ 2,1 bilhões em financiamento incremental, com um custo anual superior a R$ 250 milhões, considerando as taxas de juros atuais.

Maior lucro por ação

Os analistas do Bank of America observam que, apesar do custo elevado, a promoção pode levar a um pequeno aumento nas vendas. “Estimamos que níveis relativamente modestos de melhoria nas vendas poderiam cobrir as despesas incrementais com juros, e vemos algum potencial para acréscimo no lucro por ação (EPS)”, afirmam.

A estratégia de parcelamento sem juros também deve incentivar a experimentação nas lojas recém-abertas e melhoradas do Atacadão, além de contribuir para cestas de compras maiores. “Os planos de pagamento diferido têm uma tração muito maior no Brasil devido às altas taxas de juros no crédito ao consumidor”, explicam os analistas.

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Modelando o impacto de maiores penetrações nas vendas parceladas, os analistas estimam que um aumento de 4% nas vendas mais do que cobriria as taxas adicionais de processamento de cartões de crédito e o custo do desconto de recebíveis. “Assumimos que uma parte das vendas existentes de cartão de crédito se deslocará para os termos de parcelamento”, explicam.

Os analistas, contudo, apontam para a exposição maior às taxas de juros. Se as taxas aumentarem significativamente, é provável que o Carrefour Brasil encerre os planos de pagamento diferido. “Sugerimos que, em caso de aumento modesto das taxas de juros, a lucratividade poderia ser pressionada ou a administração poderia repassar os custos mais altos para os consumidores”, escrevem.

Carrefour vai às compras

A promoção também impõe uma pressão adicional sobre os pequenos e regionais operadores do setor de atacarejo e supermercados, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

“Os requisitos de capital de giro criarão pressão incremental para os rivais pequenos e regionais, incapazes de financiar ou igualar os custos de capital de giro, acelerando a consolidação do mercado”, dizem Aguilar, Byun e Santana.

Potencial de 80%

Por fim, os analistas reafirmam a classificação de “compra” para as ações, destacando que um aumento de 1 ponto percentual nos custos de empréstimos incrementais teria menos de 1% de impacto no lucro por ação, caso o Atacadão absorvesse totalmente a despesa incremental.

O preço-alvo é de R$ 16, o que implica em um potencial de valorização de quase 80%.

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