O presidente da Argentina, Javier Milei, parecia mais um astro do rock do que um economista libertário que se tornou político em um evento na quarta-feira.
De cabelos bagunçados, vestindo uma jaqueta de couro preta e pulando enquanto a plateia acenava e gritava, Milei cantou sua versão da música “Panic Show”, da banda argentina La Renga, antes do lançamento de seu mais recente livro.
“Eu sou o rei. Eu sou o leão!”, gritou Milei.
O presidente, que assumiu o cargo em dezembro, frequentemente se apresenta como um leão, feroz ao cortar o orçamento do país.
“Eu como a elite no café da manhã!”, continuou Milei, reproduzindo a letra da música.
Milei sempre teve como alvo a elite política, a quem ele se refere como a “casta” e quem ele acusa de ter causado o declínio da economia argentina e o aumento da inflação para um patamar três dígitos.
Os críticos de Milei, incluindo políticos da oposição, reclamaram da apresentação de quarta-feira, considerando-a arrogante em um momento em que os argentinos estão lutando para sobreviver sob sua política fiscal rígida.
A pobreza subiu para quase 60% durante a gestão de Milei e as demissões em massa estão aumentando.
No entanto, o presidente ainda tem seus fãs.
Ele é mais do que um político tradicional, disse o estudante Leonel Grillo, de 23 anos, antes do show. “É por isso que as pessoas o amam ele é um grande político, mas também um grande showman.”
Milei se apresentou diante de 8.000 pessoas no Luna Park um local histórico de Buenos Aires junto de um parlamentar de seu partido na bateria e seu biógrafo pessoal no baixo.
O presidente sempre cantava em comícios e, certa vez, gerou repercussão por se vestir como um “super-herói anarcocapitalista” em uma convenção de anime.
Após a performance, o evento se transformou em um lançamento mais tradicional do livro de Milei, “Capitalismo, Socialismo e a Armadilha Neoclássica”.
Jornalistas acusaram o libertário de cometer plágio em partes do texto, embora o porta-voz de Milei, Manuel Adorni, tenha negado as denúncias na terça-feira.