Javier Milei, candidato radical à presidência da Argentina, precisará de tempo para cumprir suas promessas de campanha de acabar com o peso e reduzir os impostos sobre os grãos, caso vença a eleição, disse um assessor à Reuters, acrescentando que ele poderá contornar dificuldades no Congresso usando decretos executivos.
Ramiro Marra, parte do círculo íntimo de Milei e candidato do seu partido a prefeito da cidade de Buenos Aires, disse que Milei — que conseguiu uma vitória surpreendente em uma eleição primária neste mês — dolarizará a economia dentro de dois anos e terá como objetivo remover os impostos sobre o enorme setor agrícola se eleito.
Ele acrescentou, no entanto, que os eleitores de Milei, um autodenominado libertário e outsider político que fez seu nome como comentarista de televisão, deverão ser realistas quanto ao fato de que suas propostas levariam tempo.
“É preciso entender que as propostas do governo não acontecem por mágica”, disse Marra à Reuters em uma entrevista no escritório de sua empresa de investimentos Bull Market Brokers, em Buenos Aires, acrescentando que quem quer que vença a eleição de 22 de outubro — ou, mais provavelmente, o segundo turno em novembro — enfrentará “meses difíceis” pela frente.
Marra disse que a dolarização poderá levar de nove meses a dois anos para se tornar realidade, mas se negou a dar um prazo para o fim dos impostos sobre as exportações de grãos, principal motor econômico do país, embora tenha dito que fazer isso é “nosso objetivo”.
“Acreditamos que é preciso tirar o pé de cima do setor agrícola”, disse ele, citando “ineficiências decorrentes da criação de impostos diretos e indiretos” sobre o setor. Ele citou o modelo de mercado mais livre do Chile como inspiração.
Como é improvável que Milei tenha maioria no Congresso, mesmo que ganhe a Presidência, Marra disse que o objetivo será “plantar a semente” para uma recuperação econômica de longo prazo, acrescentando que o partido procuraria maneiras de contornar qualquer resistência do Congresso.
Isso poderá incluir plebiscitos ou decretos executivos, disse ele. “Todas as alternativas previstas na lei e na Constituição nacional, nós as usaremos.”