O presidente da Argentina, Javier Milei, avaliou em um discurso de 15 minutos transmitida nas redes de TV do país que a melhora nas contas públicas no primeiro trimestre de 2024, que levou a um superávit, é o equivalente a um “milagre econômico” e que é o reflexo da campanha de “motosserra” nos gastos.
Milei está lidando com uma crise econômica herdada após anos de gastos excessivos do governo, enquanto aplica cortes orçamentários.
Segundo o presidente, o plano econômico “está funcionando”. E que o superávit fiscal é o “único” ponto de partida para “acabar para sempre com o inferno inflacionário da Argentina desde o fim da conversibilidade”.
“Os resultados fiscais da administração são impressionantes até agora, ultrapassando confortavelmente as metas do FMI”, ressalta o Itaú BBA em um relatório enviado a clientes.
O Tesouro argentino divulgou que o saldo primário durante os três primeiros meses atingiu 0,6% do PIB, enquanto o saldo nominal ficou em 0,2% do PIB, o primeiro saldo fiscal trimestral positivo desde 2008.
Segundo os economistas Andrés Pérez M. e Diego Ciongo, a expectativa agora para o excedente fiscal primário subiu de zero para 0,5% do PIB em 2024.
“Embora o início do ano seja promissor para as contas orçamentais, manter contrações acentuadas das despesas para alcançar um excedente primário parece ser um desafio num cenário estagflacionário. Dito isto, a aprovação do pacote fiscal em discussão no Congresso poderia melhorar ainda mais as nossas previsões fiscais”, pontuam.
Discurso de Milei
Protestos
Centenas de milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires na terça-feira (23) em uma marcha anti-governo e contra cortes orçamentários em universidades públicas, no maior protesto até agora relacionado às medidas de austeridade.
As manifestações são o exemplo mais recente das tensões cada vez maiores envolvendo cortes de gastos que estão ajudando a desfazer um déficit fiscal, mas gerando condições difíceis na economia real.
Nas marchas apoiadas pelos sindicatos na capital e em outros locais, cartazes foram erguidos sob o sol de outono com frases como “Defenda as universidades públicas”, “Estudar é um direito” e “Acima o orçamento, abaixo o plano de Milei”.