A recente recuperação dos preços do minério de ferro é de curto prazo e impulsionada por estímulos econômicos na China, mas sem sustentação a longo prazo, ressalta o analista Carsten Menke, do banco Julius Baer, em uma análise publicada nesta segunda-feira (30).
Menke destaca que, apesar da alta de preços nos mercados de minério de ferro e aço, impulsionada por medidas de estímulo e expectativas de novos incentivos, as dificuldades estruturais da economia chinesa indicam que essa recuperação não será duradoura.
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A análise aponta que os preços do minério de ferro e do aço subiram após o Banco Popular da China anunciar a possibilidade de refinanciamento de hipotecas e várias cidades chinesas, como Xangai, Shenzhen e Guangzhou relaxarem restrições para a compra de imóveis.
Segundo Menke, “os mercados estão precificando expectativas de mais medidas de estímulo”, além das já anunciadas.
Apesar do otimismo de curto prazo gerado pelos anúncios, Menke ressalta que a recuperação do mercado imobiliário e da construção na China enfrenta desafios estruturais. “Considerando os desafios estruturais que a China enfrenta, acreditamos que é improvável uma grande recuperação na atividade de construção”, afirma o analista.
Movimentos especulativos no minério de ferro
Para Menke, a atual alta nos preços é resultado de movimentos especulativos de curto prazo. “A forte e rápida alta nos mercados de minério de ferro e aço aponta principalmente para atividades de traders especulativos de curto prazo”, avalia.
Outro ponto importante levantado na análise é o declínio na produção de aço para construção nos últimos meses, juntamente com a redução dos estoques de aço a níveis mínimos. Esse cenário pode criar uma oferta insuficiente no curto prazo, caso a construção seja impulsionada pelas novas medidas de estímulo.
“Se a atividade de construção aumentar devido às medidas de estímulo, pode haver uma escassez de oferta, ao menos no curto prazo”, observa Menke.
Endividamento das famílias
No entanto, o analista alerta que uma recuperação sustentada é improvável, dado o elevado endividamento das famílias chinesas, as baixas perspectivas de emprego e a confiança do consumidor em queda. Além disso, fatores como o encolhimento da população e a desaceleração da urbanização indicam uma demanda estruturalmente em declínio para novos imóveis.
Menke também destaca que há um grande estoque de imóveis finalizados e inacabados na China, o que limita o potencial de crescimento da demanda por novos projetos imobiliários. “Com isso em mente, temos dificuldade em ver uma recuperação duradoura nos mercados de minério de ferro e aço”, escreve o analista.
Apesar de reconhecer o potencial de continuação do rali de curto prazo, Menke enfatiza que ele não deve ser confundido com uma recuperação de longo prazo. “O rali atual pode continuar no curto prazo, mas não deve ser confundido com uma recuperação de longo prazo”, alerta.