O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, é um herói improvável para o partido peronista. Sob sua supervisão, a inflação subiu para 116%, a taxa de pobreza atingiu 40%, as reservas em dólares secaram, a dívida aumentou e o peso caiu para mínimas recordes.
Mas o advogado de 51 anos, um político negociador, conseguiu neutralizar lutas internas e oposição dentro da coalizão de esquerda e ganhar apoio como candidato da unidade para liderá-la nas eleições de outubro.
Os peronistas, combalidos apenas alguns meses atrás, agora têm uma chance de vencer. Massa, um centrista pragmático, é o candidato mais popular nas pesquisas, embora no geral fique atrás da oposição de centro-direita antes das primárias de domingo, que fornecerão um panorama sobre o sentimento dos eleitores.
“Massa não é o candidato ideal, mas uma boia no meio do naufrágio”, disse o analista político Andrés Malamud. Ele acrescentou que os peronistas foram forçados a apoiar um centrista em vez de um candidato de esquerda para evitar ser empurrados para o terceiro lugar.
Massa é o claro favorito para liderar a coalizão Unión por la Patria nas eleições de outubro, depois de derrotar a candidatura de um rival mais de esquerda aliado à poderosa, mas polarizadora, vice-presidente Cristina Kirchner, em junho.
Mesmo que vença, Massa precisará conter os aumentos de preços, reconstruir as reservas em moeda estrangeira que muitos estimam estarem em território negativo, trabalhar em um acordo de dívida de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional e evitar novos calotes.
Massa está entre a cruz e a espada. A esquerda o critica pelos cortes nos gastos sociais, enquanto os conservadores dizem que ele não está fazendo o suficiente para reduzir o déficit fiscal.
Apesar de um relacionamento misto com a poderosa ala esquerda dos peronistas, Massa usou suas habilidades de negociação e amplas redes para convencer a coalizão de que ele era a melhor chance de o bloco governista evitar a derrota e atrair os eleitores moderados.
“Ele é uma pessoa que trabalha muito na construção de relacionamentos. Ele não fala apenas com seu próprio povo, mas também com aqueles que pensam diferente, ele fala com praticamente toda a oposição”, disse um assessor de Massa por cerca de duas décadas.