O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez neste sábado críticas à extrema direita global, voltou a defender a criação de um Estado Palestino no Oriente Médio e disse que o Brasil tem uma “dívida histórica” com a África.
Em discurso durante a abertura da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, Lula disse que o chamado Sul Global, que reúne países em desenvolvimento localizados majoritariamente no hemisfério sul, está se constituindo como parte da solução para as principais crises do planeta.
“Crises que decorrem de um modelo concentrador de riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres — e entre estes, os imigrantes”, afirmou o presidente. “A alternativa às mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode ser privilégio de poucos.”
Lula também voltou a aproveitar um evento internacional para criticar o conflito entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza, que já deixou dezenas de milhares de mortos. Segundo ele, uma solução para a crise somente será duradoura se for criado um Estado Palestino, reconhecido como membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU).
“De uma ONU fortalecida e que tenha um Conselho de Segurança mais representativo, sem países com poder de veto, e com membros permanentes da África e da América Latina”, acrescentou.
Ao tratar dos laços entre Brasil e África, Lula citou a intenção de desenvolver projetos conjuntos em áreas como saúde, educação, agricultura e meio ambiente.
“Tudo, muito ou pouco, que o Brasil tem, eu quero compartilhar com os países africanos”, afirmou Lula no encerramento de seu discurso, de forma improvisada. “Porque temos uma dívida histórica de 300 anos de escravidão, e a única forma de pagar é com solidariedade e com muito amor.”
Encontro bilateral
Antes de participar da cúpula, Lula esteve em reunião bilateral, em Adis Abeba, com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, conforme informações da Presidência da República.
No encontro, Lula condenou os ataques do Hamas contra civis israelenses e demonstrou concordância com um cessar-fogo entre Israel e o grupo que domina a Faixa de Gaza.