A Ágora Investimentos reafirmou sua recomendação de venda para as ações da Gol (GOLL4), mesmo diante do recente anúncio do plano de reestruturação no âmbito do processo de Chapter 11 nos Estados Unidos.
Apesar dos avanços significativos no processo de reorganização, que incluem a redução expressiva de dívidas e a conversão de passivos em capital, a corretora avalia que a diluição patrimonial esperada ainda representa um risco elevado para os acionistas.
O preço-alvo foi mantido em R$ 0,90, refletindo as incertezas e os desafios à frente.
No plano apresentado, a Gol propõe a eliminação de cerca de US$ 1,7 bilhão em dívidas e até US$ 850 milhões em outras obrigações, por meio da conversão em ações e renegociação de termos com credores.
Um dos principais pontos destacados foi o papel do Grupo ABRA, maior credor da companhia, que aceitou converter mais da metade de seus créditos em novas ações, fortalecendo a base de capital da empresa. Adicionalmente, a Gol pretende captar até US$ 1,85 bilhão em capital novo, o que inclui financiamentos que poderão ser convertidos em ações no futuro.
Outro aspecto relevante foi a possibilidade de acordos fiscais e renegociações com a Boeing (BA; BOEI34), que poderiam gerar impactos positivos estimados de US$ 184 milhões até 2029. Além disso, o plano prevê condições específicas para os credores em caso de fusão com a Azul (AZUL4), o que alimenta especulações sobre uma possível combinação de negócios entre as companhias aéreas.
Desafios permanecem
Apesar desses avanços, a Ágora destaca que os desafios estruturais da Gol permanecem. A reestruturação, embora necessária, trará uma significativa diluição para os acionistas existentes, reduzindo o valor patrimonial por ação. Além disso, o cenário macroeconômico global e as incertezas no setor de aviação adicionam camadas de risco ao processo. A corretora também aponta que a recuperação sustentável da Gol dependerá de sua capacidade de melhorar margens operacionais e consolidar uma posição financeira mais robusta no médio prazo.
A Ágora reforçou que, embora o plano de reorganização mostre avanços importantes, o impacto da diluição acionária e as incertezas relacionadas ao desempenho futuro da companhia justificam a manutenção da recomendação de venda. Segundo o relatório, o plano deve ser votado pelos credores em janeiro de 2025, com expectativa de que a Gol consiga sair do Chapter 11 até abril do mesmo ano, caso todas as etapas sejam aprovadas e executadas conforme o cronograma.
O mercado de aviação, por sua vez, continua enfrentando desafios como a volatilidade nos custos de combustíveis e a recuperação gradual da demanda. No caso da Gol, esses fatores somam-se à complexidade do processo de reestruturação, tornando o cenário de investimento menos atrativo no curto prazo.