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Natura “herda” processos da Avon por câncer; o que fazer com as ações?

O mercado vai continuar exercendo pressão sobre a Natura em função do processo de recuperação judicial da Avon, dizem analistas

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Avon

A Avon Products (API), subsidiária da Natura (NTCO3), fez um pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos, processo similar à recuperação judicial brasileira, e fez as ações da brasileira despencarem mais de 10%.

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O anúncio veio em conjunto com os resultados trimestrais da fabricante e varejista de cosméticos.

A Natura é o maior credor da API e se comprometeu a fornecer US$ 43 milhões em financiamento de devedor em posse e fazer uma oferta de US$ 125 milhões para adquirir as operações da Avon fora dos EUA por um processo de leilão supervisionado pelo tribunal.

De acordo com a empresa, nenhum impacto é esperado sobre as operações da Avon fora dos EUA, que não fazem parte do processo do Chapter 11.

“A empresa não divulgou a posição de dívida da API, mas conforme os últimos dados informados pela Avon, ela tinha US$ 2 bilhões em empréstimos entre empresas no primeiro trimestre de 2023”, explicam os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli, Pedro Lima e Luis Mollo, do BTG Pactual.

Câncer no uso de talco

A empresa, fundada em 1886, tem dívidas e responsabilidades legais relacionadas a problemas de saúde causados pelo uso de talco, que são anteriores à aquisição pela Natura.

“Nos últimos anos, houve uma onda de ações judiciais alegando que o talco utilizado em seus produtos estava contaminado com amianto e causava câncer. No segundo trimestre, havia 429 ações judiciais ativas contra a Avon (79 novos casos foram iniciados e 22 foram indeferidos, encerrados ou resolvidos de outra forma nos seis meses encerrados em junho de 2024)”, ressaltam os analistas em um relatório enviado a clientes nesta terça-feira.

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A API é uma empresa norte-americana que não está operando desde 2016. No final de 2015, ela vendeu sua divisão norte-americana para afiliadas da Cerberus Capital Management. A partir de então, começou a operar em quatro regiões: Europa, Oriente Médio/África; América Latina; e Ásia-Pacífico. Com a aquisição da Avon pela Natura em 2020, as operações na América Latina, que representavam 50% das receitas da empresa, passaram para o controle da Natura LatAm.

“Com o pedido de abertura do Chapter 11, os estudos estratégicos da Natura anunciados em fevereiro para uma possível cisão entre Avon e Natura foram suspensos até que o processo seja concluído. Embora o pedido de abertura do Chapter 11 acrescente complexidade à tese da Natura, ele deverá, no final, simplificar sua estrutura e permitir que ela resolva as ações judiciais relativas ao talco nos EUA”, opinam os analistas do BTG.

As operações em outras regiões, abrangendo 37 países, passaram a fazer parte da Avon International, que é de fato um ativo da API. Quando a API entra com o pedido de Chapter 11, a Natura&Co perde o controle da empresa, que também é obrigada a colocar seus ativos à venda.

O que fazer com as ações da Natura?

Apesar da marca Natura estar performando bem e da companhia apresentar rentabilidade crescente, o time de análise do BB Investimentos entende que o mercado vai continuar exercendo pressão sobre o papel em função do processo de recuperação judicial da Avon.

Eles estimam um “impacto de forma relevante em seu balanço”. A recomendação foi rebaixada para venda, mas com o preço-alvo mantido em R$ 18,20.

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