Em um relatório publicado nesta quinta-feira (18), o chefe de investimentos do banco suíço Julius Baer, Yves Bonzon, destacou a importância de uma pausa no ciclo de alta do mercado de ações iniciado em outubro de 2022 e a necessidade de proteção contra correções e a complexidade do investimento em inteligência artificial (IA).
Bonzon enfatizou que, embora o mercado de ações continue em alta, é essencial haver uma consolidação para garantir a sustentabilidade a longo prazo. “Acreditamos que o mercado de alta iniciado em outubro de 2022 ainda tem fôlego, mas, como todo ciclo de alta, precisa pausar e consolidar para continuar de maneira sustentável”, afirmou ele em um relatório obtido pelo Dinheirama.
A proteção contra correções de mercado foi outro ponto crucial abordado por Bonzon. Ele mencionou que o banco decidiu gastar 20 pontos-base do seu portfólio em uma proteção de ações para perfis equilibrados, uma medida que considera bem justificada. “Gastar 20 pontos-base em uma proteção de ações é dinheiro bem gasto”, disse, ressaltando a importância de estar preparado para possíveis quedas bruscas de curto prazo.
O perigo da IA como “aposta certa”
Bonzon alerto contra a visão simplista de que a IA é um investimento garantido. “Participamos do tema de investimento em IA porque nosso DNA é fundamentalmente orientado para o crescimento, e não porque conhecemos todas as implicações de médio prazo do tema”, explicou.
Ele destacou que, embora a IA seja uma área promissora, é perigoso considerá-la uma aposta certa. “A IA é realmente grande, mas seria perigoso considerá-la um ‘investimento garantido’”, afirmou Bonzon, enfatizando a necessidade de cautela e análise cuidadosa.
A recente rotação brutal das ações líderes de tecnologia da informação dos EUA para pequenas empresas também foi discutida. Bonzon observou que essa movimentação foi indiretamente ligada à apreciação acentuada do iene japonês, e não apenas aos números de inflação dos EUA. “O verdadeiro catalisador foi a apreciação acentuada do iene japonês”, disse ele.
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Bonzon expressou ceticismo quanto à probabilidade de um mercado de ações dos EUA mais amplo superar seu equivalente ponderado por capitalização de mercado. “Não estamos convencidos sobre a probabilidade de uma virada rápida e conveniente para um mercado de ações dos EUA muito mais amplo”, comentou.
Volatilidade
A tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump foi mencionada como um exemplo da volatilidade política nos EUA, que pode impactar os mercados. “A paisagem política dos EUA permanece altamente polarizada e o caminho para a Casa Branca pode ser bastante volátil”, alertou Bonzon.
Ele também destacou a importância de monitorar de perto o desenvolvimento da política monetária do Japão, dado o impacto potencial nos mercados de ações dos EUA. “Pretendemos monitorar esse desenvolvimento mais de perto”, afirmou.
Bonzon concluiu que, apesar do otimismo geral, o risco de uma correção é maior do que o de uma rotação sustentável. “As chances de uma correção são maiores do que as de uma rotação sustentável”, disse ele, justificando a decisão de adotar medidas de proteção.
“Pensamos no mercado atual a partir de uma posição de força relativa, atentos para não nos deixarmos levar por narrativas simplistas”, concluiu.