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Nouriel Roubini e o futuro do Brasil e do mundo

por Ricardo Pereira

Nouriel Roubini e o futuro do Brasil e do mundoMuitos acreditam que o pior da crise já passou. Alguns indícios disso são dados diariamente por dados econômicos divulgados mundo afora. Aqui mesmo no Brasil, na última semana recebemos dados animadores sobre o índice de desemprego – que está em um patamar inferior ao do último ano (considerado o mesmo período): 8%. Por aqui, alguns acreditam que a crise até já ficou para trás.

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Nesse cenário otimista, eis que o Dr. Apocalipse, Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, lança mais uma de suas previsões. A economia[bb] mundial pode, ainda, ter mais um surto e sofrer nova recessão. Segundo Roubini, a economia pode não se adequar bem à perda dos incentivos financeiros que são parte da solução encontrada pelos governos para amenizar a crise.

Sua atual previsão vai além: o cenário será negativo para quem optar em manter tais incentivos. Durante algum tempo, especialmente no período pré-crise, Roubini foi considerado apenas um falastrão sem competência técnica para ser “ouvido pelo mercado”, principalmente quando a economia mundial crescia e o período de bonança se estendia. Entretanto, suas previsões sobre colapso financeiro se tornaram realidade. Desde então, suas palavras passaram a ter peso e destaque.

Olhando para nosso panorama, a política de exoneração fiscal para alguns setores teve um efeito positivo na economia e representou um papel importante dentro do conceito de competitividade do país. Ficou provado que o consumo interno é capaz de manter o país em uma rota de crescimento.

Por outro lado, os gastos do governo cresceram em um ritmo alucinante, o que leva certa preocupação ao mercado[bb] e ao futuro da economia brasileira. O governo parece disposto a cumprir um papel de provedor, fazendo com que os gastos de custeio se sobreponham aos investimentos em infraestrutura e modernização do país.

Nesse meio tempo, percebemos que surgem oportunidades raras. Alguns conglomerados parecem dispostos a galgar um papel extremamente relevante e tornarem-se players de destaque. Vejo como grande exemplo o grupo Itau Unibanco, que nasce com um apetite voraz e coloca as garras de fora ao associar-se com a Porto Seguro, ganhando peso em um setor que tende a crescer bastante no país.

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Mais do que grandes dificuldades, esse período que Roubini alerta como crítico para os desdobramentos da crise podem ser administrados positivamente, com oportunidades que surgem principalmente em países emergentes e que se mostram mais resilientes e capazes de aproveitar a demanda interna e a mudança no perfil de consumo de sua população.

Muitos setores no país parecem ter um horizonte promissor e um deles é o de construção de imóveis para a população de baixa renda. É fato que a estabilização econômica atingida no Brasil, mais pessoas começam a ter acesso a serviços e produtos que não faziam parte da realidade de uma maioria. Esse novo perfil de consumo leva e acrescenta mais brasileiros à chamada classe média e transforma o perfil do país.

Pois, sim, Nouriel Roubini pode estar certo e a economia mundial pode ter uma recuperação lenta em formato U – isto quer dizer que para sair do fundo do poço demora-se um tempo maior. Ele ainda cogita a forma W, onde sai-se da recessão rapidamente, mas o problema volta também rapidamente. Aqui no Brasil, se seguirmos a trajetória de sucesso na condução da política econômica, é possível que o fundo do poço já tenha ficado para trás e a trajetória de recuperação seja em V.

Em tempos de oportunidade e desafios, o Brasil e o mundo passam por momentos históricos em que decisões tomadas hoje impactarão fortemente o futuro. Ter consciência dos movimentos que a economia irá tomar e interpretar de uma maneira rápida seus efeitos e possíveis problemas pode significar um caminho mais feliz e próspero. Pensando no investidor[bb] e seus anseios por melhores rentabilidades, o importante parece ser acertar mais que errar. Nada novo.

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Ricardo Pereira
é educador financeiro e palestrante, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.

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