A recente divulgação dos resultados financeiros do Nubank (NU; ROXO34) trouxe à tona um debate sobre o impacto da alta inadimplência na trajetória de crescimento da fintech. Embora os números do segundo trimestre de 2024 tenham sido sólidos, com lucro líquido de US$ 487,3 milhões e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 28,4%, a escalada na inadimplência preocupa analistas e investidores.
Segundo Rafael Reis, analista do BB Investimentos, “o Nubank apresentou números que consideramos positivos, com lucro líquido de US$ 487,3 milhões (+29% na passagem trimestral), equivalente a um ROE de 28,4%.” No entanto, ele alerta que o aumento na inadimplência de 6,3% para 7,0% no conceito 90+ dias pode ofuscar o crescimento da fintech.
O contexto econômico contribuiu para essa alta na inadimplência. O câmbio, que subiu 11,2% entre março e junho, teve impacto negativo no comparativo trimestral, uma vez que o banco opera majoritariamente no Brasil em reais, mas reporta seus resultados em dólares devido à listagem nos Estados Unidos. Ainda assim, Rafael Reis observa que “vimos manutenção nas principais tendências de crescimento e rentabilidade esperados.”
O aumento nas receitas e no lucro líquido do Nubank foi impulsionado pela expansão da margem financeira e pelo crescimento nas receitas de tarifas, que avançaram 2,1% no trimestre e 26,3% no ano. No entanto, a inadimplência crescente levanta questões sobre a sustentabilidade desse crescimento a longo prazo.
Um ponto intrigante destacado por Reis foi a queda nas despesas com provisões, que recuaram 8,5% no trimestre, mesmo com a expansão da carteira de crédito e o aumento da inadimplência. “Esta queda, segundo o Nu, se deu por conta da melhoria na inadimplência curta (15-90 dias), que viu retração de 5,0% para 4,5% no período, sinalizando uma provável melhoria no indicador longo para os próximos períodos,” explica.
Apesar dos desafios, o Nubank continua a expandir sua base de clientes e a diversificar suas fontes de receita. A Receita média sobre Clientes Ativos aumentou 6% no trimestre, enquanto o Custo de Servir permaneceu estável, refletindo uma maior transacionalidade e a oferta de novos produtos, como PIX e boleto parcelado.
Entretanto, o custo dos depósitos no México, onde o Nubank busca ampliar sua presença, piorou ligeiramente, atingindo 87% da taxa interbancária ponderada, o que pode pressionar as margens no futuro. Ainda assim, o banco mantém uma estratégia de crescimento agressiva, investindo em novas geografias e produtos.
Ações do Nubank
No mercado de ações, o Nubank tem demonstrado um desempenho robusto, consolidando a visão de que a fintech está em uma fase de transição do crescimento para a rentabilidade. No entanto, Reis ressalta que “o movimento não foi, no entanto, sem volatilidade,” dado que a empresa é sensível a variações na curva de juros e a notícias sobre inadimplência.
Para o futuro, a expectativa é de que o Nubank continue a expandir sua base de clientes e a diversificar suas receitas, mas o desafio será manter a rentabilidade em meio à crescente inadimplência. Rafael Reis acredita que, apesar das preocupações, “o Nubank suaviza de certa forma preocupações crescentes quanto à recente escalada de sua inadimplência.”
O analista mantém a recomendação de compra para os papeis do Nubank em NY, com preço-alvo de US$ 15,60 para o final de 2025. No entanto, ele ajusta o preço-alvo do BDR ROXO34 para R$ 13,80, refletindo um câmbio projetado mais elevado.
Em resumo, a alta inadimplência é um fator que merece atenção, mas, segundo Reis, não deve ofuscar completamente o crescimento do Nubank. “Diante de mais um trimestre de crescimento com expansão de rentabilidade, permanecemos otimistas quanto ao momento do Nubank,” conclui o analista.