Era tudo uma farsa, um golpe, na opinião do então presidente Donald Trump sobre as criptomoedas. Mas nada como um tempo fora da presidência para dar um refresco. Agora Trump é bitcoin desde criancinha, darling.
Outro dia ele foi a um evento de bitcoin, com direito a bilionário de bitcoin mascarado na plateia (sim, eles fazem esse tipo de coisa, alegando segurança) e o candidato Trump prometeu mundos e fundos.
É o lobby do bitcoin tomando conta da campanha
“A mudança de atitude do Sr. Trump atesta um novo poder emergente na política americana: uma classe de empreendedores tecnológicos e capitalistas de risco que não se sentem confortáveis com as regulamentações governamentais destinadas a proteger os consumidores americanos”, escreveu um editorial do Washington Post (que a propósito é controlado por Jeff Bezos, sim, aquele da Amazon).
Mas vamos por partes para entender esse rolê do mundo cripto em 3, 2, 1….
O que é uma criptomoeda?
A cripto mais famosa é o bitcoin, mas tem um monte de outras por aí. Tem a DodgeCoin, conhecida por ser um meme que disparou de preço quando o Elon Musk começou a falar dela o tempo todo. E tem até a TrumpCoin.
Mas num mundo tech, nada melhor do que pedir ajuda para a inteligência artificial para explicar as criptos, né? Pede ajuda ao Claude (que é tipo um ChatGPT).
Imagine que você está jogando um game online chamado “Caça ao Tesouro Digital”. Neste jogo:
1. Os tesouros são moedas mágicas que só existem dentro do jogo (como as criptomoedas no mundo digital).
2. Para encontrar essas moedas, você precisa resolver quebra-cabeças matemáticos supercomplicados (isso é fazer a “mineração” de criptomoedas).
3. Cada moeda tem um número de série único, gravado com tinta invisível mágica que ninguém consegue falsificar (isso representa a tecnologia blockchain).
4. Todos os jogadores têm um livro mágico que registra automaticamente todas as trocas de moedas (como o registro público das transações de criptomoedas).
5. Não existe um “chefão” do jogo controlando tudo. As regras são decididas por votação entre os jogadores (como a natureza descentralizada das criptomoedas).
6. Alguns jogadores ficam tão empolgados que começam a trocar coisas do mundo real por essas moedas do jogo (como pessoas usando criptomoedas para compras reais).
7. O valor das moedas sobe e desce como uma montanha-russa maluca, dependendo de quantas pessoas querem jogar (similar à volatilidade do mercado de criptomoedas).
A fortuna cripto de Trump
Sabe os vinhos e perfumes do Bolsonaro que ele começou a vender depois que virou nosso ex? Então, o Trump resolveu também fazer dinheiro com sua popularidade, mas no mundo cripto.
— Ele lançou uma edição do tênis Bitcoin laranja, de cano alto, chamado Trump Crypto President. O tênis custava US$ 499 e esgotou mais rápido que o foguete do Musk.
— Trump vendeu NFTs (Imagine uma figurinha super rara, mas digital. Você é o único dono, todo mundo sabe que é sua, e ninguém pode copiar) com fotos de desenho animado dele em trajes de super-heróis musculosos, ele na lua, em um traje de rock n’ roll todo de couro. Isso rendeu entre US$ 100.001 e US$ 1 milhão. (Fonte: formulário de divulgação financeira de Trump de 2022.)
— Reportagem da CBS diz que ele possuía um portfólio de criptomoedas no valor de quase US$ 8 milhões em 29 de julho, com base em pesquisa do grupo de rastreamento de dados de blockchain Arkham Intelligence.
— Existe uma TrumpCoin (apoiando a administração Trump e seus seguidores conservadores e patriotas).
Os bilionários criptos na campanha do Trump
— Em maio, Trump se tornou o primeiro candidato presidencial de um grande partido a aceitar doações em criptomoedas.
— O Fairshake, um super PAC pró-cripto, arrecadou mais de US$ 200 milhões para a campanha de Trump, segundo o Washington Post. (Não é o PAC da Dilma, nem do Lula, darling. O PAC nos estados unidos é a sigla de Political Action Committee, tipo um fundo que tem isenção de impostos e que reúne contribuições de campanha.)
— Elon Musk, mais do que fã das criptos, ajudou a fundar o America PAC e botou muita grana no fundo. O Wall Street Journal chegou a dizer que ele doaria 45 milhões de coletas por mês para o fundo. Mas isso ainda não foi confirmado.
— O America PAC também foi inundado com dinheiro de líderes do Vale do Silício, como o cofundador da Palantir, Joe Lonsdale, Douglas Leone da Sequoia Capital e os bilionários de criptomoedas Cameron e Tyler Winkelvoss.
— Os gêmeos Winklevoss contribuíram com milhões de dólares. Quem são esses gêmeos na fila do pão, Tixa? São grandes investidores em criptomoedas que lançaram a bolsa de criptomoedas Gemini.
— Marc Andreessen e Ben Horowitz, considerados talvez os maiores investidores em empresas de criptomoedas, ofereceram apoio aos PACs pró-Trump.
— Peter Thiel, um bilionário do Vale do Silício, ajudou a lançar a carreira política do JD Vance, que agora é o veep da chapa do Trump.
Lobby do bitcoin
Uma boa frase para resumir:
“Você tem o lobby agrícola, você tem o lobby de Israel, você tem o lobby do petróleo, você vai ter o lobby do bitcoin. Bem-vindo ao futuro.”
Alex Gladstein, coautor de “The Little Bitcoin Book: Why Bitcoin Matters for Your Freedom, Finances, and Future” e um dos palestrantes do Bitcoin 2024. (O tal do evento do mascarado em que Trump discursou.).
Por que essa galera está querendo Trump?
Porque ele está fazendo mil promessas.
— Trump disse que vai criar um conselho consultivo presidencial de cripto e bitcoin.
— Prometeu fazer da América uma “potência de mineração de bitcoin”.
— Prometeu criar um estoque estratégico de bitcoins com os US$ 5 bilhões que já estão no governo americano. (Esse dinheiro está lá por conta de apreensões feitas com hackers e no mercado negro da dark web chamado Silk Road.)
— “Quero garantir que os Estados Unidos sejam a capital das criptomoedas do planeta e a superpotência do bitcoin no mundo.”
— Prometeu demitir o presidente da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários americana), Gary Gensler. Gensler defende que as negociações de bitcoin sigam as regras da venda de ações na bolsa de valores.
Como é que esse povo pode influenciar as eleições?
Esse povo é do mundo tech. O mundo tech pode fazer maravilhas para uma campanha.
— O Elon Musk é dono do X-Twitter. Outro dia foi lá e postou um vídeo fake da Kamala, com a voz dela recriada por IA e que falava mal do Biden. O X-Twitter pode banir o próprio Musk, Tixa? Ele tem todas as senhas, darling. Not gonna happen!
— O American PAC, aquele que tem o apoio do Elon Musk, está sendo investigado por supostamente pegar informações dos eleitores de estados campo de batalha, alegando que vai ajudá-los a se registrar para votar.
— Do outro lado, os bilionários techs também estão de olho em como outras empresas estão se comportando. O Google, por exemplo, foi acusado de adulterar o sistema de buscas prejudicando o Trump. Quem buscava por “comício de Trump” era direcionado para resultados sobre Kamala Harris. (A reportagem da Tixa testou o rolê quando o Elon Musk fez a denúncia em um tuíte e ele tinha razão. Minutos depois a busca automática do Google mudou.)
— Outra acusação é que não dava para pesquisar sobre a tentativa de assassinato do ex. O Google disse que as ferramentas são treinadas contra preenchimento automático associadas à violência. Então, tá.
Tixa, mas e o mundo cripto com a Kamala? Até agora a candidata (que já é a oficial) dos Democratas não deu a linha de como vai tratar o mundo do Vale do Silício, que se debandou todo para o Trump.
Curtinha antes de ir embora
O Trump quer porque quer fugir do debate com a Kamala. A nova do finde é que ele cancelou o debate de 10 de setembro marcado para acontecer na ABC News e diz que só faz debate se for na FoxNews. (a Fox é tipo como a Jovem Pan foi para o Bolsonaro, darling.)
E vamos para essa segunda-feira, sem Biles e sem Rebeca no pódio da trave, com os mercados mundiais despencando, com ameaças de que vai começar uma guerra em Israel. Tá fácil. E se Trump ganhar, o bitcoin dispara, dizem as más línguas.
De olhos nas pesquisas
Aqui nesse cantinho a gente mostra como estão a média das pesquisas para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, a diferença entre Trump e Harris diminui a cada dia e está em 0,8 ponto. Pela média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, a diferença está em 1 ponto, a favor de Trump. Disputa apertada a três meses das eleições.
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