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O Brasil do crescimento econômico: oportunidades e desafios

por Conrado Navarro
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O Brasil do crescimento econômico: oportunidades e desafiosAs andanças pelas ruas e as conversas de bar retratam um Brasil muito diferente daquele que, há pouco tempo, vivia momentos de tensão econômica. De fato, os traços mais marcantes da crise e seus efeitos colaterais parecem ter se extinguido e a confiança do consumidor anda em níveis bastante elevados, comparáveis às do momento pré-conflito. Indicadores importantes merecem destaque nestas preliminares conclusões:

A velocidade na geração de empregos parece ter retomado sustentabilidade. Outubro de 2009 registrou número recorde de empregos formais e 2009 já ultrapassou a marca de 1 milhão de empregos de saldo. Tudo indica que os números finais deste ano devem se aproximar dos valores do ano passado – cerca de 1,4 milhão de postos de trabalho.

Estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional são positivas para 2009. As previsões oficiais da equipe econômica e do mercado[bb] apontam crescimento de 0,21% para o PIB no ano de 2009. Os olhares para o crescimento sustentável fazem tais expectativas se elevarem para 5% em 2010, mesmo com as eleições e suas possíveis conseqüências. O grande fator de sucesso para tais previsões está relacionado ao fortalecido consumo interno, balizado principalmente pelas empresas relacionadas à infraestrutura, varejo, construção civil e instituições financeiras.

Recuperação muito rápida do mercado de ações, com o Ibovespa registrando alta de mais de 80% no ano. Quase em 70 mil pontos, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) demonstra fôlego em 2009, lastreada pelas grandes somas de capital estrangeiro e pelo aumento no número de investidores pessoa física (mais de meio milhão de investidores).

Migração sócio-econômica de mais de 20 milhões de brasileiros na última década. São pessoas que hoje possuem condições de consumo e vida mais dignas, atingindo patamares diferentes em relação à suas condições sociais e de renda.

Aceleração do crédito e juros em níveis historicamente baixos. Com a taxa de juros básica da economia, conhecida como Taxa Selic, em 8,75% ao ano, menor valor da história, o acesso ao crédito se facilita e o custo do dinheiro[bb] diminui. Isso significa mais oportunidades de consumo e investimento produtivo, a taxas mais interessantes. Financiamentos imobiliários, obras de infraestrutura e a expansão de capacidade industrial são pontos favorecidos por este cenário mais previsível e estável.

Incentivos do governo e ações para promover inclusão social. Destacam-se o Programa de Aceleração do Crescimento, ou PAC, que investe em melhorias de infraestrutura e tem ainda grandes somas a serem utilizadas em obras Brasil afora e o programa “Minha Casa, Minha Vida”, que visa diminuir o déficit habitacional.

Tais fatores são responsáveis, entre outras coisas, pela alta do movimento econômico (consumo, investimento e acumulação) neste final de ano. O ritmo de alta está entre 8% e 10% maior que o do mesmo período do ano passado. O índice de confiança dos empresários e consumidores, já em nível pré-crise, garante que empresas e clientes terão um final de ano promissor. “Tudo vai muito bem, obrigado!”, garante um dono de uma rede varejista da região onde moro.

Diante das boas notícias que surgem do âmbito nacional da economia, fica difícil imaginar que um cenário de crise possa novamente assolar o país no curto prazo. O excesso de otimismo com a nossa recuperação contaminou também os investidores[bb] estrangeiros e seus principais veículos de comunicação. A desconfiança em relação à condição dos emergentes deu lugar ao ufanismo – “somos a bola da vez” diz a mídia internacional, liderada pela renomada revista “The Economist”.

A esta altura, você que é muito bem informado e preocupa-se com questões que vão além do óbvio, mantém certo pragmatismo e concorda que nem tudo são flores. Não há como negar que alguns desafios precisam ser avaliados e atacados, tanto pelos governos, quanto pelos empresários e consumidores. Neste sentido, destaco:

Excessiva valorização do Real e maior volume especulativo na Bolsa. Em uma economia de câmbio flutuante, o fortalecimento da moeda deveria ser razão de orgulho e comemoração, mas só quando suas causas tem fundamento e seu nível seja sustentável. Não é o que acontece no Brasil. O enfraquecimento mundial do dólar, por razões evidentes e amplamente discutidas na mídia nacional, criou um forte aporte da moeda em economias emergentes, especialmente no Brasil.

Ao tomar dinheiro emprestado a juros nanicos e trazê-lo para ser bem remunerado no país, muitos investidores estrangeiros contribuem para a enxurrada de dólares, com conseqüente valorização do Real, e para um perigoso período de altas expressivas nos mercados de títulos – movimento conhecido em economia[bb] como “carry trade”.

Preocupa-me a massiva entrada de capital externo porque seria natural acreditar que, em algum momento, a situação externa melhorará e os juros nos EUA voltarão a subir, momento em que o dinheiro usualmente “volta para casa” – com intensidade e efeitos ainda imprevisíveis. Cabe ressaltar também que nossas indústrias exportadoras estão sofrendo bastante com a desvalorização da moeda internacional de forma tão intensa e rápida.

Excesso de otimismo. O ufanismo mencionado tende a criar expectativas muito favoráveis para o crescimento econômico, tornando a discussão em torno dos desafios pouco valorizada. Fala-se muito do que é bom, do que pode ser melhor e sobra pouco espaço para os relatos realistas ou mesmo pessimistas – e ambos devem ser pelo menos ouvidos. Além disso, acentua a chegada de capital especulativo, o que pouco contribui para o desenvolvimento de longo prazo de nossa nação.

Expressiva alta nos gastos correntes do governo. Não é razoável concordar que em um ano de crescimento econômico praticamente nulo, o governo aumento em mais de 20% seus gastos com a máquina pública. Deve haver melhor equilíbrio nas contas e pastas dos governos, além de mais transparência e comprometimento com os reais problemas da nossa população. Isso sem mencionar o já conhecido problema do excesso de tributos, alvo de muitos protestos e razão para propostas de um realinhamento tributário.

Um Brasil muito mais forte, estável e sustentável. Não há dúvida de que este é o resultado de grande esforço de nossos governantes e de uma política econômica inteligente. Cabe a nós, cidadãos de bem, empresários, participantes ativos do mercado[bb] e formadores de opinião, aproveitar o momento para crescer, mas também refletir e agir sobre questões capazes de prejudicar o futuro brilhante a que todos temos direito. O equilíbrio entre o que se conquista e como se resolvem os problemas parece ser o caminho menos penoso para um povo que já passou por quase todas as agruras econômicas existentes. Não queremos passar por nada disso novamente. Logo, nos resta avançar.

Crédito da foto para stock.xchng.

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