Falamos essa semana sobre planejamento e estratégias para alcançar um objetivo e aproveitar determinadas oportunidades, você se lembra? Pois é, estou definitivamente convencido de que esta é a única maneira de passar por momentos de crise sem “grandes” sobressaltos. Planejar e é preciso!
Ok, acho que de certa forma todos concordamos com essa afirmação. Mas, além da falta de planejamento, o que, por si só, já dá calafrios, muitos partem para a ação sem ao menos ter um objetivo financeiro claramente estipulado. Nem sequer sabem defini-los ou trabalhar seus prazos e necessidades.
Estranho? Sim, sem dúvida, mas muito comum. Poucas pessoas sabem exatamente o que querem da vida (eita chavão hein?). A maioria simplesmente vai levando a vida conforme os acontecimentos do dia-a-dia. Vão levando, levando e levando. Alguém se arrisca a apontar os amigos que já sabem onde querem chegar no médio e longo prazos e que, por isso, já estejam agindo (agora) para que o futuro se realize?
Comprar uma casa, fazer um MBA, trocar de carro e viajar são bons objetivos. São bons exemplos, que podem se tornar realidade desde que sejam buscados e trabalhados de maneira organizada, inteligente e planejada. Educação financeira não é só entender as siglas e jargões da área. Incrivelmente, tudo começa com um simples objetivo.
Objetivo? Por que?
A falta de objetivos transforma o investidor em uma simples “máquina de poupar”, o que implica no hábito de não perseguir rentabilidades maiores, investimentos mais sofisticados ou a reavaliação constante de sua carteira ou cesta de aplicações.
Isso é perigoso! Para quem está nessa situação, a caderneta de poupança, por exemplo, pode ser sinônimo de bom investimento, mesmo que a realidade e a economia mostrem que existem opções melhores lá fora. É simples: quando não existem objetivos, não existe o desejo de buscar um prêmio de risco. Isso mesmo, quando não temos objetivos, raramente nos arriscamos.
A organização é fundamental para encontrar e fundamentar bons objetivos. Aqueles pouco organizados e que ignoram a disciplina jamais terão metas a cumprir, já que a certeza do insucesso se apresenta como incentivo necessário para a desistência. Li certa vez que desistir de mudar é mais fácil do que decidi mudar. Fiquei encabulado!
Quem não tem um objetivo, repito agora com palavras um pouco mais duras, sempre estará à margem do sucesso e dos vencedores. Se contentará com o óbvio, evitará quebrar regras e não contestará nada, nem ninguém. Será mais um. Deixando a veia dramática de lado, não é isso que queremos para nós, certo?
Até porque, em um belo dia, este se dará conta de quanta diferença um objetivo poderia fazer entre o que ele conquistou e tudo o que poderia ter conquistado. Pois, convenhamos, até o fracasso é previlégio daqueles quem tem objetivos. Eles fracassam tentando crescer, mudar. E crescem. Isso é, acima de tudo, sinal de sucesso.
O papo está filosófico demais?
Calma, é proposital. Quero chamar sua atenção para este momento especial – de crise, mas com algumas oportunidades. Quem se estrutura, certamente vive uma crise sendo capaz de sair dela mais preparado do que quando entrou.
Por último, uma reflexão bem direta: muitos choram e maldizem o mercado de ações, mas o que eles esperavam de um mercado de risco? Ah, sim, crises são cíclicas. Um pouco do estudo básico prévio sobre o mercado de capitais já seria suficiente para que aventureiros desavisados pensassem em um plano B.
As recentes baixas são significativas, mas não representam o fracasso. Outros que possuem objetivos e um bom planejamento sabem que é um momento de forte correção, mas percebem as condições de uma retomada gradual e consistente já no médio prazo.
Porque, no final das contas, não se trata de tentar enxergar a luz no fim do túnel – como muitos tentar fazer -, mas sim de manter a tranqüilidade para continuar trabalhando por seus objetivos e para renová-los ao largo de sua concretização. Bom final de semana! Aproveite para mentalizar bons e novos objetivos. Agora!
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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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