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O Fed não tem pressa para cortar o juro e aqui está o porquê

Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve de Minneapolis, mostra o porquê o BC dos EUA não está com pressa para reduzir o juros

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Tartarugas

Um artigo publicado nesta terça-feira (5) pelo presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, mostra o porquê o BC dos EUA não está com pressa para cortar o juro.

A próxima decisão do Fomc (Comitê de Política Monetária) acontece em 20 de março. Também ontem, o Chairman Jerome Powell disse que espera três cortes ainda em 2024. Serão mais 7 reuniões.

Segundo o CME FedWatch Tool, a probabilidade de um corte para o intervalo de 5% a 5,25% no próximo encontro é de 19,5% e de 54% para 1º de maio.

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Kashkari aponta em seu texto “A política ficou muito mais rígida. Quão apertada está?” que a taxa neutra de juros tenha se elevado com a pandemia do coronavírus em 2020.

Rendimento real dos títulos do Tesouro de 10 anos (TIPS)

Nota: Os títulos do Tesouro protegidos contra a inflação (TIPS) são títulos do Tesouro indexados à inflação e, portanto, têm rendimentos reais. Fonte: Conselho de Governadores do Federal Reserve

Ou seja, segundo essa constatação, o Fed teria mais tempo para avaliar os dados econômicos antes de flexibilizar a política monetária.

“Ele entende que um juro neutro maior diminui o risco de causar uma contração econômica por conta de uma política excessivamente contracionista”, aponta a LCA Consultores, que chamou a atenção para o artigo em um relatório nesta quarta-feira (6).

Gastos
(Imagem: junho (REUTERS/Lucas Jackson/File Photo)

O juro está mesmo restritivo?

Kashkari observou o comportamento dos dados dos setores mais sensíveis às taxas de juros, principalmente a habitação, para avaliar se a política monetária está mesmo restritiva.

“Embora as vendas de casas tenham diminuído relativamente ao período pré-pandemia, o investimento residencial global manteve-se estável em termos reais em 2023. O emprego na construção não caiu durante o nosso ciclo de restritividade e, em vez disso, continua a subir para máximos históricos. Embora o crescimento dos preços das casas tenha abrandado, os preços não caíram e são bastante elevados em termos históricos, contribuindo para uma riqueza recorde das famílias. Até mesmo os preços das ações das construtoras residenciais estão próximos dos máximos históricos”, destaca.

Além disso, o investimento privado não residencial aumentou 4,1% em 2023 e o consumo de bens duráveis aumentou 6,1%. E com o cenário de baixo desemprego, os consumidores continuam a surpreender com gastos robustos.

“Esta constelação de dados sugere-me que a atual política monetária, que, mais uma vez, inclui o nível atual e as trajetórias esperadas da taxa e do balanço, pode não ser tão restritiva como teríamos suposto, dada a baixa taxa neutra ambiente que existia antes da pandemia”, revela.

Ou seja, com isso, é possível, pelo menos durante o período de recuperação pós-pandemia, que a postura política que representa neutralidade tenha aumentado.

“A implicação disto é, creio eu, que dá ao Fomc tempo para avaliar os próximos dados econômicos antes de começar a baixar a taxa, com menos risco de que uma política demasiado restritiva atrapalhe a recuperação econômica”, diz.

Força da economia

O artigo argumenta que, ao mesmo tempo que a inflação progrediu rapidamente em direção ao objetivo de 2%, o crescimento real do PIB continuou a mostrar uma força notável.

Inflação (PCE)

“Em vez de a política monetária fazer o trabalho pesado para reduzir a inflação, parece que os aumentos do lado da oferta estão a impulsionar a produção e a equilibrar a oferta e a procura, reduzindo assim a inflação”, analisa Kashkari.

Crescimento real do PIB em base trimestral, anualizado

Vale lembrar que o presidente do Fed de Minneapolis não vota neste ano nas reuniões do FOMC.

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