Ontem, dia 09/12, na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), assistimos à manutenção da taxa básica de juros – Taxa Selic – em 8,75% ao ano. A sustentação do patamar era esperada pelo mercado, sendo aprovada por unanimidade na reunião. Entretanto quando mudamos o cenário e procuramos enxergar alguns meses à frente, o bom senso, a prudência e as demonstrações de rigor realizadas até hoje (desde o inicio do atual governo) levam a crer que haverá uma tendência de alta na taxa.
Ao final da reunião de ontem, o seguinte comentário foi feito pelas autoridades presentes:
“Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 8,75% a.a., sem viés, por unanimidade. Levando em conta, por um lado, a flexibilização da política monetária implementada desde janeiro, e por outro, a margem de ociosidade dos fatores produtivos, entre outros fatores, o Comitê avalia que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a manutenção da inflação na trajetória de metas ao longo do horizonte relevante e para a recuperação não inflacionária da atividade econômica”
O aquecimento da economia pode representar um perigo real ao principal trabalho do Banco Central, que é o combate sistêmico à inflação. O BC inclusive divulgou, em relatório sobre a inflação no terceiro trimestre, uma observação dando conta do possível aumento nos preços em 2010. Neste sentido, espera-se que o valor de 8,75% seja mantido até meados do ano que vem, saltando para um patamar próximo de 10% a partir do segundo semestre.
Eleições e os reflexos na tomada de decisão
Existem alguns detalhes que podem influenciar a tomada de decisão sobre qual será o caminho que a política monetária irá seguir e o principal fator parece ser político, afinal 2010 é ano de eleições. Mesmo com o cenário e a perspectiva de alta, tudo leva a crer que serão para pequenos ajustes – alguns arriscam que a Selic chegará a 10,25% no final de 2010.
Cabe salientar que a maioria dos analistas acreditam que o grande “problema” seja o ano de 2011. As tarifas públicas que sofrerão reajuste em 2010 estão sobre controle, mas um problema com o grupo de alimentos. Além disso, a competição e o Real valorizado sugerem que as importações serão uma outra novidade freqüente – e isso já será percebido neste Natal. As prateleiras já estão repletas de importados a preços muito competitivos.
Crescimento econômico versus inflação
A história é a mesma do inicio de 2008: mais pessoas consumindo e a produção mantendo o mesmo padrão de produtividade. São as chamadas “dores do crescimento”. Lembre-se que o Brasil e boa parte dos países em desenvolvimento conseguiram elevar o padrão de vida de sua população – a classe média nunca esteve tão grande e o consumo explodiu.
Importante pensar se a tendência para o próximo ano é de alta dos juros. Como vimos, deve ser. Mas, se aumentarmos ainda mais o tempo da análise, a realidade se inverte e a tendência é que ciclos curtos de alta se contraponham a ciclos grandes de baixa nos juros. Trata-se da realidade oriunda da estabilidade econômica: o remédio pode ser amargo, mas quando necessário, e se bem administrado, faz um bem enorme.
Como sempre, basta saber se a dose será correta, mas isso só iremos descobrir no decorrer de 2010. Até a próxima.
Crédito da foto para stock.xchng.