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O IBGE é confiável? Mercado teme manipulação e juros sobem

As máximas da sessão no mercado de juros coincidiram com nota do sindicato dos servidores do IBGE, refletindo os temores de ingerência

por Redação Dinheirama
IBGE

Após já terem engatado alta firme ontem, os juros futuros continuaram subindo de forma expressiva nesta sexta-feira refletindo, em boa medida, ajustes técnicos relacionados à zeragem de posições aplicadas de investidores estrangeiros, o que explica especialmente a disparada das taxas longas.

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A volta do dólar a R$ 5,50 pesou sobre a curva, assim como a apreensão com o cenário fiscal escalou antes da divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, esperado para ainda hoje, e o exterior não ajudou. Para piorar o clima negativo, o sindicato dos servidores do IBGE divulgou uma nota denunciando “comportamento autoritário” do presidente do instituto, Marcio Pochmann.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 estava em 12,15%, de 12,04% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 12,21%, ante 12,01% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2029 subia de 12,09% para 12,31%.

No balanço da semana, as taxas acumularam alta expressiva, mas as longas ainda em maior magnitude, conferindo à curva ganho de inclinação, mesmo com o comunicado “hawkish” do Copom estimulando apostas pesadas no ciclo de aperto monetário.

Se ontem o ajuste ao Copom penalizou principalmente a ponta curta dos DIs, hoje o destaque foram os vencimentos longos, que nas máximas chegaram a abrir mais de 30 pontos no começo da tarde, aparentemente o momento do pico do movimento de stop loss. O trecho longo é a área de maior interesse dos não-residentes e teve hoje giro de contratos acima da média diária padrão. “O problema hoje parece ter sido muito mais de fluxo, com estrangeiros sendo forçados a um ajuste, do que fundamentos”, afirma o economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal.

Houve ainda cautela antes da divulgação do relatório bimestral. Diante das dificuldades recentes do governo em conseguir receitas e controlar despesas, a expectativa é por um novo contingenciamento e/ou bloqueio de recursos que possa manter viva a possibilidade de cumprimento dos objetivos do arcabouço.

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“A perspectiva é de reavaliação mais para baixo das receitas e o crescimento dos gastos realmente está mais forte do que o esperado. Há ainda uma especulação de que mais gastos vão ser excluídos da meta”, afirma o economista-chefe e sócio da JF Trust, Eduardo Velho. Segundo ele, o mercado vê como crescente a probabilidade da dominância fiscal na política econômica, o que contribui para a alta dos juros.

Variável monitorada de perto por seu impacto nos modelos de inflação, o dólar, após uma sequência de sete sessões em queda, hoje passou por uma realização de lucros e subiu para além dos R$ 5,50, fechando em R$ 5,5209, sendo outro fator a ajudar a estressar a curva.

IBGE “autoritário”

As máximas da sessão coincidiram com a divulgação, no início da tarde, da nota do sindicato nacional dos servidores do IBGE, refletindo os temores do mercado de ingerência e heterodoxia dentro do principal órgão de estatísticas públicas do país. No texto, o sindicato convoca trabalhadores a aderirem a um ato de protesto “contra as medidas autoritárias” de Marcio Pochmann.

O sindicato pede diálogo do presidente com os servidores em relação às diversas alterações em curso no Instituto. Segundo apurou o Broadcast junto a fontes, coordenadores e gerentes do IBGE teriam manifestado preocupação com medidas tomadas por Pochmann e enviado carta ao conselho diretor, assim como as ministras Esther Dweck (Gestão) e Simone Tebet (Planejamento) também teriam sido notificadas.

Veja a nota do sindicato

“Em assembleia, os servidores do IBGE da Av. Chile decidiram convocar um ato de rua, para o dia 26 de setembro, 10h, em frente à sede do IBGE (Av. Franklin Roosevelt). O ato exigirá que o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação as diversas alterações em curso no Instituto (mudança no regime de trabalho, transferência para o prédio do Serpro no Horto, criação de uma Fundação de Direito Privado, alteração do estatuto, entre outras).

A manifestação se alinha a deliberação da reunião entre a Executiva Nacional da ASSIBGE e Núcleos Sindicais da ASSIBGE do Rio de Janeiro, realizada no último dia 13, que apontou a necessidade de responder às ações da presidência com uma manifestação.

Dessa forma, o sindicato convida todos os servidores e servidoras para participaram do ato”.

(Com Estadão Conteúdo)

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