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O impacto das eleições americanas no mercado

A economia dos EUA está em uma posição mais frágil agora do que durante o primeiro mandato de Trump como consequência da pandemia

por Enrico Manzi
3 min leitura
Enrico Manzi, Country manager da Biond Agro

Os Estados Unidos se preparam para as próximas eleições presidenciais e o cenário econômico apresenta algumas nuances que merecem uma análise cuidadosa, especialmente quando se considera um possível segundo mandato de Donald Trump. Este artigo explora as implicações econômicas deste possível evento, destacando os impactos da guerra comercial com a China e como o contexto atual difere substancialmente do primeiro mandato de Trump. 

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As eleições nos EUA são cruciais para os mercados financeiros globais. A recente desistência do presidente Joe Biden em concorrer à reeleição, sendo possivelmente substituído pela vice-presidente Kamala Harris, altera as dinâmicas políticas e econômicas. As chances de Trump vencer as eleições são significativas, eram 71% contra Biden e agora 65% contra Harris, o que sugere um possível retorno ao poder, porém em um ambiente econômico muito diferente daquele que ele enfrentou anteriormente. 

Situação econômica atual 

A economia dos EUA está em uma posição mais frágil agora do que durante o primeiro mandato de Trump como consequência da pandemia do COVID-19 . Após uma injeção massiva de recursos nos mercados, a inflação atingiu 6,5% em 2022, atualmente se estabilizada em torno de 3,5%, enquanto o crescimento do PIB para 2024 é projetado em apenas 1,3%, uma queda em relação ao crescimento de 3,4% em 2023 e 2,3% em 2019 (primeiro mandato de Donald Trump). 

Essa desaceleração é exacerbada por uma geopolítica complicada, com conflitos em Israel, Palestina, Ucrânia e Rússia, que adicionam incertezas ao mercado. A confiança do consumidor, um indicador vital da saúde econômica, tem diminuído, refletindo preocupações com os altos preços de alimentos e combustíveis, além das tensões políticas e globais. Isso pode impactar o comportamento de compra e, consequentemente, os preços das commodities agrícolas. 

Impactos

Durante o primeiro mandato de Trump, a guerra comercial com a China teve consequências significativas. A imposição de tarifas sobre produtos de aço, alumínio e uma vasta gama de produtos chineses resultou em um aumento considerável nos custos para empresas americanas e consumidores. As tarifas, que visavam conter práticas comerciais desleais da China, acabaram elevando os preços no mercado interno e provocando retaliações que afetaram as exportações americanas, especialmente em setores como agricultura e manufatura. 

Estudos indicam que a guerra comercial custou à economia dos EUA quase 300.000 empregos e uma redução estimada de 0,3% no PIB real. A Bloomberg Economics estimou que o custo total da guerra comercial poderia alcançar US$316 bilhões até o final de 2020. Mais recentemente, pesquisas do Federal Reserve Bank de Nova York e da Universidade de Columbia revelaram que as empresas americanas perderam pelo menos US$ 1,7 trilhão em valor de ações devido às tarifas impostas. 

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Novo mandato

Se Trump retornar ao poder, sua política comercial continuará provavelmente a ser protecionista, mas com ajustes necessários para a realidade econômica atual. A inflação elevada e a necessidade de fortalecer as cadeias de suprimento internas serão fatores cruciais a serem considerados. Uma nova guerra comercial poderia impactar diretamente a inflação, já que os custos adicionais de tarifas seriam repassados aos consumidores. A dívida pública, que atualmente é de 100% do PIB, representa um desafio significativo.

O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) projeta que essa dívida pode aumentar para 116% do PIB em 2034. Embora fatores como a profundidade dos mercados financeiros dos EUA e a força das instituições americanas ajudem a mitigar o risco de uma crise da dívida, o cumprimento das obrigações de juros pode exigir cortes em gastos discricionários, o que teria implicações negativas para o crescimento econômico. 

Conclusão 

Um possível segundo mandato de Donald Trump seria estruturalmente diferente do primeiro, com consequências significativas para os mercados. A economia dos EUA, já fragilizada por fatores como inflação persistente e tensões geopolíticas, enfrentaria novos desafios sob uma administração que poderia reverter ou intensificar as políticas comerciais anteriores. A interseção entre política e economia será um fator determinante na formação do futuro econômico dos Estados Unidos, e os mercados estarão atentos a cada movimento nesse complexo cenário.

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