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O pior investimento é aquele que você não faz

por Vinícius Novais
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dinheirama-post-pior-investimento-aquele-que-voce-nao-fazNo TopMoney #17, os educadores financeiros do programa comentaram sobre como algumas mudanças conjunturais recentes em nossa economia afetam o bolso dos brasileiros. Sugiro que clique aqui e assista ao vídeo.

Quando o assunto abordado foi o aumento da taxa Selic pelo Banco Central, que altera a forma de remuneração dos depósitos da poupança, o especialista em finanças e sócio-fundador do Dinheirama.com Conrado Navarro disse: “o pior investimento é aquele que você não faz”.

Fiquei com essa frase na cabeça por um tempo, concluindo que ela é realmente verdadeira.

Entretanto, para chegar à conclusão de que investir é efetivamente melhor do que não investir, é necessário que se faça uma pesquisa que evidencie a rentabilidade dos investimentos disponíveis no mercado financeiro de primeira linha, restringindo o público aos pequenos investidores, ou seja, investidores pessoas físicas que não têm auxílio permanente de profissionais do mercado.

A regra de que investir é melhor do que guardar dinheiro embaixo do colchão é válida, em suma, para os agentes superavitários, na linguagem técnica. Em outras palavras, essa regra é verdadeira para as pessoas que têm recursos financeiros disponíveis, necessitando, desta forma, alocá-los em alguma posição de mercado, seja estocando o montante de baixo do colchão ou aplicando em títulos públicos, por exemplo.

Por que não investir é a pior opção?

A educação financeira tem como um de seus primeiros conceitos e ensinamentos que o dinheiro sofre desvalorizações com o tempo, a chamada inflação. A inflação é o aumento do nível de preços, que pode ser ocasionado por excesso de demanda ou escassez de oferta, fatos que tornam os produtos e serviços mais caros, seguindo a lei da oferta e demanda.

Diante disso, no longo prazo, estocar o dinheiro excedente fora do mercado financeiro não é a melhor opção para o agente economicamente racional e educado do ponto de vista financeiro, visto que o dinheiro vai valer menos no momento de ser usado do que vale hoje, momento da poupança (estoque).

A diferenciação importante que deve ser feita é nas implicações da poupança de curto e de longo prazo, porque a inflação contabilizada no curto período (digamos, até 6 meses) é muito pequena, em termos relativos à história econômica do Brasil.

No curto prazo, colocar o dinheiro no mercado financeiro pode gerar custos extras, como o caso da alíquota regressiva de Imposto de Renda no Tesouro Direto, que decai à medida que o investidor retém o título no tempo.

No longo prazo, contudo, a situação é bem diferente. Se contabilizarmos a inflação no longo prazo, considerando 5 anos, por exemplo, podemos notar que o impacto dos preços é muito maior, tornando-se relevante no planejamento financeiro.

Desta forma, alocar dinheiro sob a forma de poupança fora do mercado financeiro, sem auferir juros, impacta negativamente o valor real do dinheiro, pois quando for o tempo de gastar esses recursos, eles valerão menos do que valiam quando a poupança começou a ser construída.

Rentabilidade real no mercado financeiro

Nos prospectos elaborados por emissores de títulos e bancos que auxiliam processos de captação primária de recursos no mercado financeiro, a descrição da rentabilidade é baseada no retorno nominal que o ativo provê para o investidor.

Isso quer dizer que se, ao emitir um título público, o Tesouro Nacional informar uma remuneração pré-fixada de 8% ao ano, o investidor receberá o valor monetário correspondente, contudo, quando receber, o que se compra hoje com R$100,00 custará R$ 105,00 na data de resgate, exercendo o mesmo impacto que um decréscimo na rentabilidade do ativo.

Sendo assim, nos casos de investimentos de longo prazo, nos quais a inflação exercerá impacto maior quando for resgatado ou liquidado o ativo, é fundamental que o investidor avalie outro índice de rentabilidade: a taxa de retorno real.

O retorno real é aquele que desconta a inflação dos rendimentos auferidos. No caso do exemplo anteriormente exposto, como a taxa de juros era de 8% ao ano, com uma inflação de 5% ao ano, a rentabilidade real do título seria de R$ 3,00.

Em outro caso, o da alocação dos recursos fora do mercado financeiro, a rentabilidade real seria de -5%, ou seja, se o investidor guardasse R$100,00 em casa por 1 ano, ele teria R$ 95 reais de valor real ao final do ano, visto que os produtos e serviços aumentaram de preço ao longo do tempo de poupança.

Além de considerar a inflação no cálculo de uma rentabilidade que traduz melhor a realidade, ainda pode-se empregar o custo de oportunidade de não se aplicar em determinado ativo do mercado, mas isso é conversa para outro momento.

Para calcular a rentabilidade real de um ativo é fácil, você deve subtrair a taxa de inflação da taxa de juros nominal, aquela que vem informada nos prospectos, por exemplo.

Algumas modalidades de investimentos ainda apresentam outros custos, como aqueles relativos a administração ou Imposto de Renda. Entretanto, as taxas de administração são variáveis de investimento para investimento, além de variar entre agentes corretores.

O Imposto de Renda é variável de acordo com o tempo do investimento, como já exemplificado anteriormente. Sobre o IR ainda, a Caderneta de Poupança, por exemplo, é isenta do imposto.

Comparativo do retorno real de investimentos

Veja a tabela seguinte com o retorno real de alguns investimentos:

Retorno Nominal (ano)

Inflação (IPCA)

Taxa de Administração

Imposto de Renda

Retorno Real (ano)

Guardar em casa

6,10%

– 6,10%

Caderneta de Poupança

6,20%

6,10%

0,10%

Tesouro Direto (NTN-B)

16,70%

6,10%

0,30%

15% (3,58%)

6,72%

A tabela acima apresenta valores de rentabilidade nominal aproximados, porque devido às flutuações de mercado não é possível descrever com perfeita exatidão o retorno dos investimentos.

Por exemplo, a rentabilidade nominal da caderneta de poupança tem parte de sua taxa de juros atrelada à Taxa Referencial, que é flutuante, mas previsível dentro de uma média.

O cálculo do Importo de Renda é feito com base no valor indicado entre parênteses, já que a alíquota do mesmo só incide sobre os juros auferidos, não sobre os aportes. Deste modo, traduz-se o valor entre parênteses como sendo aquele referente ao Imposto de Renda sobre todo o valor resgatado (aporte + juros).

A taxa de administração do Tesouro Direto incluiu somente o valor cobrado pela BM&F Bovespa pelos serviços prestados, visto que diversos agentes de custódia (instituições financeira) não cobram taxas de administração para investimentos no Tesouro Direto, como pode ser visto na análise dos custos dos agentes de custódia do tesouro direto.

Em relação ao investimento em ações, ele foi omitido da tabela comparativa devido ao índice de rentabilidade negativo apresentado pelo Ibovespa no acumulado de 12 meses.

A análise da tabela nos evidencia como, realmente, “o pior investimento é aquele que você não faz”. Em outras palavras, guardar o dinheiro em casa, fora do mercado financeiro, é a pior escolha que um agente econômico racional pode fazer, pois ele terá um retorno real negativo, ocasionado pelo impacto da inflação na poupança.

Falando em poupança, a primeira opção de muitos brasileiros quando o assunto é poupar dinheiro é exatamente a caderneta de poupança, que protege o aplicador contra os efeitos da inflação, mas possibilita uma perspectiva de ganho real muito pequena.

Deste modo, o ideal para uma pessoa financeiramente educada é buscar por opções de investimento que permitem a ela auferir melhores resultados, dentro de um perfil de risco comportado.

A tabela expõe, então, a rentabilidade real do Tesouro Direto, usando como exemplo a NTN-B. Este título foi desenhado para que os investidores tivessem uma rentabilidade real acima da inflação, pagando uma taxa pré-fixada mais o IPC-A, que é o índice oficial de inflação no Brasil.

Neste sentido, a NTN-B apresenta uma rentabilidade real bem acima de algumas outras opções de investimento em renda fixa, mesmo depois de descontados o Imposto de Renda e as taxas cobradas pelos serviços do gênero.

Você concorda com a frase que foi a chave deste texto, “o pior investimento é aquele que você não faz”? Deixe a sua opinião sobre o tema nos comentários. Até a próxima.

Foto economy concept, Shutterstock.

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