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O que pensa Gabriel Galípolo, o provável presidente do BC de Lula?

 Galípolo reforçou que está colocada a possibilidade de alta da Selic, mas lembrou que faltam quatro semanas para reunião

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Diretor de Política Monetária do Banco Central (BC)

O “virtual” novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que pode ser indicado por Lula nas próximas duas semanas, discorreu sobre uma variedade imensa de assuntos durante um evento realizado nesta segunda-feira (19), em Belo Horizonte.

Abaixo, o Dinheirama listou os assuntos mais importantes abordados pelo protegido chefe do Executivo:

Sucessão no BC

Galípolo afirmou que a entrevista do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com a indicação de que os diretores do BC vão trabalhar na normalidade “foi importante”.

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À Rádio Gaúcha, na última sexta-feira, 16, Lula disse que a pessoa que vai indicar como novo presidente do Banco Central vai precisar ter “compromisso com o povo brasileiro” e “coragem” para alterar a Selic sempre que for necessário.

“Na hora que precisar reduzir a taxa de juros, ele vai ter de ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que vai aumentar, ele vai ter de ter a mesma coragem de dizer que vai aumentar”, afirmou o presidente na ocasião.

Pressão de Lula

Galípolo enfatizou que jamais sofreu pressão de Lula para tomar uma atitude em determinada direção.

A partir do ano que vem, o colegiado será composto majoritariamente, pela primeira vez neste mandato, de integrantes indicados por Lula.

Galípolo falou sobre o tema durante evento em Belo Horizonte quando foi questionado por um participante sobre a possibilidade de interferência política sobre o comitê, alegando estar preocupado com o “voluntarismo do presidente”. “Não, o que eu posso fazer é dar um testemunho no sentido contrário. Eu jamais me senti pressionado a fazer qualquer tipo de atitude, a partir da minha indicação no Banco Central”, garantiu.

Para Galípolo, o presidente da República tem tido uma atitude “absolutamente republicana”, argumentando que tem ido a público fazer um debate sobre os juros.

“O presidente fala o que ele pensa publicamente. Acho que isso tem sido claro nas últimas entrevistas dele. Eu jamais me senti pressionado pelo presidente a fazer qualquer tipo de atitude”, afirmou o diretor do BC.

Ele avaliou ainda que todas as vezes em que são renovadas a liberdade e a autonomia do Banco Central, é permitido que elas ajam com mais atuação técnica.

O BC recebeu autonomia operacional há dois anos e, neste momento, há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para conceder autonomia operacional e financeira à instituição. Toda a diretoria do BC já se declarou favorável à PEC 65, mas o governo não tem pressa na sua votação.

Câmbio e Selic

O diretor de Política Monetária do Banco Central reforçou que o câmbio é apenas um entre diversos dados relevantes para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

 “O mercado tentou estabelecer relação quase mecânica entre câmbio e Selic”, disse Galípolo. “Afirmei que seria equívoco estabelecer relação mecânica entre câmbio e política monetária.”

Alta da Selic

 Galípolo reforçou que está colocada a possibilidade de alta da Selic, mas lembrou que faltam quatro semanas para reunião.

O BC tem as ferramentas necessárias para perseguir a meta de inflação, destacou o diretor, acrescentando que cabe à autoridade monetária colocar os juros em nível restritivo o suficiente para atingir o alvo, de 3%.

Segundo ele, tem sido bastante interessante a experiência com um BC independente. “A discussão sobre autonomia do BC vem de posições antagônicas. Há ideia de que autonomia do BC significa se contrapor ao poder democraticamente eleito. Há outra posição de que, com autonomia, BC não precisa prestar contas à sociedade “

Meta de inflação

Em meio à postergação do ciclo de baixa da taxa de juros dos Estados Unidos, à piora das expectativas de inflação no Brasil e à retomada da atividade econômica brasileira, Galípolo afirmou que o BC seguirá firme no objetivo de perseguir a meta de 3% da inflação. Para alcançá-la, toda a diretoria hoje nomeada se põe à disposição de elevar juro sempre que necessário, disse.

“Não há centro da meta. O BC tem de perseguir a meta de 3%, e as expectativas estão acima disso. A ata do Copom deixou bem claro que nós estamos dependente de dados, e como eu falei, existe um rol de dados que vão ser publicados (até a próxima reunião), e as alternativas estão abertas”, disse Galípolo.

“A inflação projetada para os próximos 18 meses está acima da meta, dissemos na ata. Eu disse que inflação acima da meta significava que variáveis estão desconfortáveis”.

Segundo o diretor, os limites de tolerância do intervalo do alvo do regime em vigor no País não existem para reduzir o esforço da política monetária. Cabe ao BC perseguir a meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “Melhor fica o arcabouço do BC quanto mais respeitarmos esse conceito.”

Ainda de acordo com ele, foi muito importante ter conseguido afastar ceticismo sobre eventual alta de juros. “Havia leitura do mercado de que o BC jogava com uma das mãos amarradas. Havia ceticismo quanto à disposição do BC de aumentar a taxa de juros. A leitura era que o BC estava impossibilitado de usar ferramentas da política monetária.”

PIB mais alto

O protegido de Lula disse ainda que a melhora das perspectivas para a atividade econômica é um dos pontos de atenção. E que o BC tem por função “tomar os cuidados para que esses indicadores não se transformem em um desarranjo que sinalize o crescimento da demanda numa velocidade muito descompassada do crescimento da oferta”.

Segundo ele, uma série de dados que vem demonstrando uma surpresa do ponto de vista da atividade econômica, como um desemprego que está em níveis bastante baixos, com o menor nível de desemprego desde 2014, um crescimento da renda que vem batendo recorde, que vem crescendo muito a renda, um mercado de trabalho que vem se mostrando apertado por diversas métricas.

Ele citou ainda um PIB que vem sendo revisado sistematicamente para cima das expectativas de crescimento.

“Obviamente que todos nós, inclusive que estamos lá no Banco Central, entendemos como um êxito a possibilidade que as pessoas possam ganhar mais dinheiro, possam ter mais oportunidades, encontrar mais emprego. Ninguém tem nenhum tipo de sentimento perverso para torcer pelo contrário”, comentou.

“Mas a função do Banco Central, o Banco que deve zelar pela inflação, é tomar cuidado para que esses indicadores não se transformem em um tipo de desarranjo que sinalize o crescimento da demanda numa velocidade muito descompassada do crescimento da oferta”, disse o diretor do BC.

“O BC tenta dissecar quanto economia aquecida está sendo repassada para preços.”

(Com Estadão Conteúdo)

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