Patrícia comenta: “Navarro, vejo por ai muitos livros que falam de como atingir o sucesso, como ficar rico e se dar bem na carreira. Ao mesmo tempo, vejo muita gente criticar esse tipo de obra. Para alguém jovem, que sonha e que entende que é preciso muita força pessoal para vencer, o que levar em conta? Por onde começar? O que ler? Obrigada”.
Particularmente, eu gosto das histórias de sucesso bem detalhadas. Em geral, histórias de sucesso bem contadas oferecem alguns ingredientes comuns: perseverança, motivação, disciplina e muitos fracassos. Vistas assim, essas palavras podem mesmo parecer artimanhas de mais um texto de autoajuda. Cuidado! Não se engane, esses diferenciais são raros e dependem muito mais de reações e decisões diante das circunstâncias que de uma “vontade extra de vencer” nascida diante de uma leitura qualquer.
Os desafios que enfrentamos
As razões para escolher entre os caminhos possíveis são pessoais; a necessidade de lidar com as consequências também. Falemos diretamente de dinheiro: quando você escolhe a compra de um novo bem ou produto, em hora errada e com condições comerciais ruins para o seu bolso, usa suas razões para justificar a compra, mas sabe muito bem que tipo de decisão tomou.
Em outras palavras, seu orçamento será prejudicado, você terá dificuldades para realizar outras metas e terá menos dinheiro ao final do mês. E você sabe disso. A partir daí, você terá, de modo forçado, que reavaliar suas prioridades – e fazer isso a contragosto não costuma dar bons resultados. Então, apesar de saber o que houve, é provável que você prefira esconder-se dos erros, usando desculpas esfarrapadas e discursos furados para sustentar sua situação.
A diferença está em encarar o problema
Depois de um começo pesado, tratando de problemas financeiros chatos, volto às histórias de sucesso. Experimente lê-las. Você vai perceber que errar é uma constante, mas há aprendizado e seguidas tentativas de vencer os desafios, fazer mais e sobressair. Existe um desejo genuíno de ser melhor (não confunda com ser mais rico ou ter mais). Diante de uma situação como a que descrevi parágrafos atrás, resta a você duas alternativas:
- Aceitar, enfrentar, mudar e insistir. Traduzir aprendizado assim parece querer complicar as coisas, mas a verdade é que não encontrei outras palavras para isso;
- Desistir, blasfemar e se endividar ainda mais. Afinal, tapar os olhos para o que acontece com você e sua família e parecer feliz é mais fácil e certamente traz conforto. Se esse estilo de vida é sustentável? A resposta você já sabe.
Vamos trabalhar as palavras que mencionei no início do texto?
Persistência
Ainda que o caminho não seja o apropriado (é difícil conhecê-lo de antemão), o bem-sucedido insiste e envolve mais gente em torno de suas metas. Ele não sabe bem onde suas ações vão dar, mas “paga pra ver” e arrasta um exército com ele. Ele não desiste. Ele persiste.
Motivação
As razões para continuar tão focado não vêm dos tapinhas nas costas dados por seus amigos e colegas, mas de seu próprio processo de tomada de decisões. O resultado só será conhecido se o compromisso de buscá-lo permanecer maior que as desculpas. Se quiser olhar de outra forma, pense que a energia para acertar ou errar é a mesma.
Disciplina
É nítida a relação entre conhecimento, prática e resultados. Um problema só encontra solução se sobre ele forem aplicados suor, lágrimas e muitas tentativas. Treino, formação continuada e muito trabalho resultam em um ser humano que faz muito mais que aquilo que esperam dele. Ele vai além porque se disciplina a enfrentar os perigos da rotina e da zona de conforto.
Fracassos
Algumas portas fechadas, tombos, recomeços e notícias ruins fazem parte do cotidiano de todos nós. Gosto muito de uma frase de Roberto Shinyashiki, autor do ótimo livro “Tudo ou Nada” (Ed. Gente), que diz que “desistir de mudar é muito mais fácil que decidir mudar”. Fracassar faz parte; sofrer também. As frustrações deveriam ser encaradas de forma tão natural quanto as vitórias – ambas fortalecem o caráter.
O recado final é simples: algumas coisas dependem realmente de você. Muitas outras dependem de como você reage e decide agir em relação às consequências daquilo que escolheu. Ou seja, quer encare isso como autoajuda ou não, você tem responsabilidades imensas para consigo mesmo e seu sucesso, seja lá o que isso signifique para você.
Faça uma reflexão sobre a situação de suas finanças. Você ainda acha justo culpar o baixo salário (ele sempre será baixo), as promoções/liquidações irresistíveis e seu desejo incontrolável pelos seus problemas financeiros e endividamento cada vez maior? Cômodo demais, mas nada prático, não acha?
Hora de começar a agir. Anotar receitas e despesas, negociar melhor, definir objetivos interessantes (capazes de motivá-lo), rever prioridades, poupar, ler e raciocinar mais. Ah, e não se apegue muito ao debate quente sobre o que é ou não autoajuda, isso só vai fazer você ler menos e ficar mais chata(0). Até mais.
Foto de sxc.hu.