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O verdadeiro papel dos mercados financeiros na economia

por Alexsandro Rebello Bonatto
3 min leitura

O verdadeiro papel dos mercados financeiros na economiaEm função do agravamento da crise do subprime e dos prejuízos gerados por ela, o cidadão médio passa a colocar em dúvida o papel dos mercados financeiros[bb] dentro da economia. Contudo, a literatura econômica comprova que os mercados financeiros desempenham papel fundamental na economia, já que eles são responsáveis por canalizar os recursos de pessoas que poupam recursos (renda maior que sua disposição em gastar) para aqueles que desejam gastar mais do que sua disponibilidade, quer seja na forma de consumo ou investimento.

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Essa transferência de fundos permite que pessoas com boas oportunidades de investimentos, mas com poucos recursos correntes, possam expandir a produção de bens e serviços na economia. Da mesma forma, os consumidores podem planejar seu consumo, optando por consumir no presente mais do que sua renda, ou postergar o consumo para um momento futuro, aumentando assim o nível de bem-estar na sociedade.

Schumpeter (1911) argumentou que os serviços prestados pelos intermediários financeiros, tais como a mobilização de poupanças, a avaliação de projetos, a administração de riscos, o monitoramento dos Agentes e o facilitador de trocas, são fundamentais para a inovação tecnológica e o desenvolvimento econômico. Para ele, os intermediários financeiros têm a função de diminuir as fricções de mercado – notadamente a presença de informação assimétrica entre os Agentes.

A presença de intermediários financeiros é importante, pois estes, por meio de economias de escala e expertise, conseguem reduzir os custos de transação e produzir informação, permitindo que pequenos poupadores possam usufruir dos benefícios do sistema financeiro: o aumento da liquidez e compartilhamento de risco pela diversificação de seu portfólio.

Segundo Boot (2000), a moderna literatura sobre intermediação financeira está focada no papel do banco como fonte de recursos para os agentes deficitários. É através da relação de empréstimo que o banco desenvolve um forte relacionamento com seus devedores ao longo do tempo. Tal proximidade entre o banco e seus devedores facilita o desenvolvimento de atividades que diminuem o problema de assimetria de informações.

Os ganhos de escala podem ser identificados em dois principais casos:

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  1. Os contratos de empréstimos geralmente são padronizados e confeccionados por advogados que cobrarão um valor que pode ser inviável para um investidor[bb] em particular, mas não quando a conta é diluída entre vários poupadores reunidos por uma instituição financeira;
  2. Ganhos de escala na utilização de equipamentos (computadores, softwares, telefones e etc.) para a realização das transações financeiras.

Além disso, os intermediários também podem estar melhor habilitados para exercerem a função de investidores, por meio da expertise adquirida com a especialização na análise do setor e empresas onde atuam. Conforme Boot (2000), a intermediação financeira pode ser definida como: (i) investimento na obtenção de informações, geralmente assimetricamente distribuídas no mercado; e (ii) avaliação da rentabilidade destes investimentos[bb] através de múltiplas interações com o mesmo cliente e/ou via oferecimento de diversos produtos.

Como vemos, apesar dos exageros acontecidos dentro do mercado imobiliário americano nos últimos anos, nada pode substituir o mercado financeiro como alocador de recursos disponíveis e indutor do desenvolvimento econômico.

Bibliogragia utilizada:

  • BOOT, Arnoud W.A. Relationship Banking: What Do We Know? Journal of Financial Intermediation. vol. 9, p. 7-25, 2000.
  • SCHUMPETER, Joseph A. The Theory of Economic Development. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1911.

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Alexsandro R. Bonatto, economista e com MBA em Gestão Empresarial, é professor universitário, instrutor e sócio da Ventura Corporate, empresa de treinamentos corporativos. Tem mais de 13 anos de experiência no mercado de crédito.

Crédito da foto para stock.xchng.

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