O mundo não está preparado para outra crise de saúde como a de Covid-19, alertou um importante especialista em saúde global, à medida que os países fazem um último esforço para chegar a acordo sobre um caminho a seguir para um tratado pandêmico, entre receios de que o clima político possa azedar as negociações.
Os estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniram-se em Genebra nesta sexta-feira para decidir como continuar as negociações sobre um acordo depois de perderem o prazo deste mês.
“Só esperamos que… (nos) próximos meses não tenhamos outra pandemia que nos encontre num mundo que ainda não está preparado para uma grande crise”, disse à Reuters Muhammad Ali Pate, ministro da saúde da Nigéria e membro do conselho do Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária.
Um grande ponto de discórdia no tratado tem sido as disposições que permitem aos países de baixa e média renda terem acesso a 20% dos testes, tratamentos e vacinas desenvolvidos para combater a pandemia, quer por meio de custos sem fins lucrativos, quer por meio de doações.
Ali Pate disse que o número era razoável para evitar a corrida por produtos que salvam vidas que fez com que os países africanos fossem os últimos da fila durante a Covid.
Embora as negociações sobre o tratado provavelmente continuem por vários meses ou até anos, um processo paralelo para atualizar um conjunto existente de regras que regem os surtos internacionais de doenças está mais perto de um acordo, disseram as fontes, e poderia ser assinado antes do final da reunião anual da OMS, no sábado.
Outros negociadores e observadores disseram que havia um sentido de urgência nas conversas sobre o tratado, sobretudo devido às preocupações de que as eleições em vários países-chave este ano poderiam trazer para a mesa governos de direita, que temem que sua soberania seja ameaçada.
“Isto precisa de ser feito agora, caso contrário as coisas só vão piorar à medida que as coisas se movem para a direita”, disse um diplomata ocidental.