O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou nesta sexta-feira que o Brasil deverá alcançar uma carga de energia de 81,438 gigawatts (GW) em novembro, o que representaria um recorde histórico para qualquer mês, segundo dados disponibilizados em seu site.
A previsão para o indicador marcaria um crescimento de 13,3% em relação a novembro do ano passado, acima dos 11,0% previstos na semana anterior, e tem influência da onda de calor que atinge boa parte do país.
A carga de energia no Brasil bateu recordes nesta semana, alcançando pico de 101,475 gigawatts (GW) na terça-feira, impulsionada pelas altas temperaturas –superando os 40°C em algumas partes do país–, que aumentam o uso de equipamentos de refrigeração.
O efeito do clima é sentido especialmente no mercado regulado de energia, que compreende residências e pequenas empresas e comércios. O segmento responde por cerca de 65% da carga total do país.
Já no mercado livre de energia, onde atuam indústrias e grandes empresas, a demanda está mais atrelada ao desempenho dos diferentes setores da economia, embora também haja influência do clima em menor grau.
Após anos de crescimento lento, a carga vem crescendo neste ano apoiada principalmente nos efeitos climáticos, com as ondas de calor registradas desde setembro.
Para 2023, a expectativa é de que a carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) cresça 3,5%, a 74,69 GW, em relação ao ano passado, segundo a previsão mais recente elaborada em conjunto por ONS, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Apesar do crescimento estrutural da carga, os volumes de energia consumidos no Brasil seguem muito abaixo do potencial e se equivalem, atualmente, à demanda de pico do Texas, um dos mercados mais dinâmicos de energia dos EUA.
Projeções para novembro
O ONS estimou que, ao final de novembro, os reservatórios das usinas do Sudeste/Centro-Oeste –principal subsistema para armazenamento das hidrelétricas– deverão alcançar 64,3%, um pouco abaixo dos 66,3% previstos na semana anterior.
Embora os reservatórios estejam em níveis considerados confortáveis, já que em breve deve se iniciar o período chuvoso, o ONS tem despachado usinas termelétricas para atender ao aumento rápido do consumo de energia nos últimos dias.
Em relação a chuvas, o órgão projetou que as hidrelétricas no Sudeste/Centro-Oeste receberão afluências equivalentes a 85% da média histórica em novembro, ante 88% previstos na semana anterior.
As chuvas também deverão ficar abaixo da média histórica no Nordeste (44%, ante 43% estimados na semana anterior) e Norte (54%, ante 52%), e superar a média no Sul (530%, ante 437%), como reflexo do fenômeno El Niño.