A contínua entrada recente de recursos estrangeiros para a bolsa brasileira e o Ibovespa (IBOV) já causou uma mudança significativa nas condições de negociação do mercado local, avalia o Bank of America em uma análise enviada aos clientes nesta sexta-feira (23)
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Segundo o analista David Beker, o índice agora negocia com um desconto de apenas 7% em relação aos níveis históricos, uma redução expressiva em comparação aos 19% observados há dois meses. Essa melhora reflete uma reavaliação positiva do mercado, que começa a atrair mais interesse de investidores.
Em agosto, o Bank of America observou um retorno dos fluxos de capital estrangeiro para a B3, a bolsa de valores brasileira, com um influxo de R$ 10 bilhões somente neste mês. Esse movimento contrasta com o cenário dos meses anteriores, quando os fluxos eram predominantemente negativos.
Apesar do otimismo em relação ao capital estrangeiro, os fundos de ações locais continuam enfrentando resgates significativos, indicando que os investidores locais estão optando por alocar seus recursos em fundos de renda fixa, que receberam R$ 432 bilhões em entradas no acumulado do ano.
O que está sendo comprado?
Outro destaque da análise foi o desempenho dos setores dentro do Ibovespa.
Segundo o Bank of America, “discricionário e financeiros são os principais destaques, enquanto o setor financeiro, em particular, viu uma valorização média de 15% em agosto, impulsionado por ações como IRB (IRBR3), Bradesco (BBDC4) e B3 (B3SA3). Já o setor de consumo discricionário teve uma alta média de 10%, com empresas como Renner (LREN3), Magazine Luiza (MGLU3), Petz (PETZ3) e CVC (CVCB3) liderando os ganhos.
Mesmo com os sinais positivos, o relatório adverte que os fluxos de capital para a Bolsa brasileira ainda estão em território negativo no acumulado de 2024, com um déficit de R$ 26 bilhões. Essa discrepância sugere que, apesar das recentes entradas, os investidores estrangeiros continuam cautelosos em relação ao mercado brasileiro.
Apetite global por emergentes
No contexto mais amplo da América Latina, o relatório do Bank of America observa que as avaliações estão descontadas em toda a região. Enquanto o Ibovespa negocia com um desconto de 7%, o mercado mexicano está a 13% de desconto em relação à média histórica do período de governo de Andrés Manuel López Obrador, presidente do México.
Esse cenário sugere que ambos os mercados ainda têm espaço para apreciação à medida que as condições econômicas globais e locais melhoram.
Os analistas também apontam que, globalmente, os mercados emergentes na totalidade têm atraído fluxos significativos de capital. “Os mercados emergentes tiveram US$ 4,7 bilhões em entradas esta semana”, observam, ressaltando que os fundos de ações de mercados emergentes acumularam US$ 97 bilhões em entradas ao longo de 2024.
