A Pague Menos (PGMN3) aprovou um aporte de até 400 milhões de reais, com o intuito de reduzir sua dívida e retomar abertura de lojas após registrar prejuízo pelo segundo trimestre seguido, informou a rede de farmácias nesta segunda-feira.
A família do fundador da rede de farmácias, que tem o controle do negócio, e a gestora General Atlantic vão acompanhar o aumento de capital, o que já assegura quase 82% da operação, ou 327,6 milhões de reais, de acordo com o fato relevante.
O aumento de capital sai a 4,26 reais por ação, acima do preço de tela, uma vez que o papel fechou nesta segunda-feira a 4,24 reais.
Os recursos serão utilizados, de imediato, para diminuir a dívida da companhia e, a partir do ano que vem, para retomar a abertura de lojas, disse Luiz Renato Novais, diretor financeiro e de relações com investidores da Pague Menos, à Reuters.
A Pague Menos viu sua dívida líquida subir cerca de 725 milhões de reais nos 12 meses até o final junho, especialmente como resultado da aquisição da Extrafarma, transação de cerca de 738 milhões de reais concluída no segundo semestre de 2022 e que tornou o grupo a segunda maior rede de farmácias do país em número de lojas, atrás apenas da RD.
Além da aquisição em si, a Extrafarma demandou investimentos da Pague Menos em estoques desde que foi adquirida, o que pressionou adicionalmente as linhas financeiras do grupo.
Novaes afirmou que a companhia estava antecipando sua carteira de recebíveis de venda de cartão de crédito em lojas, de cerca de 1 bilhão de reais, para financiar a compra de estoques na Extrafarma.
“Com esse dinheiro no caixa, a gente praticamente zera o volume de antecipação de recebíveis que estávamos girando para poder financiar a operação da companhia”, disse ele em entrevista.
A empresa tem estimativa de reduzir sua alavancagem medida pela dívida líquida sobre o Ebitda ajustado para até 1,7 vez no final de 2024, contra patamar atual de 3,1 vezes.
A dívida crescente e a Selic que incidia sobre ela derrubaram o resultado financeiro da empresa, o que levou a Pague Menos a prejuízo líquido de 37,1 milhões de reais no segundo trimestre deste ano, revertendo lucro de 53,6 milhões de reais um ano antes, conforme balanço divulgado também nesta segunda-feira.
A Pague Menos já havia ficado no vermelho de janeiro a março deste ano, no primeiro prejuízo trimestral desde sua abertura de capital de setembro de 2020.
“Combinadamente a gente deve ter uma redução bastante importante de despesa financeira a partir de agora com o aumento de capital e início do ciclo de redução de taxa de juros”, afirmou ele.
Quanto às aberturas de lojas, Novaes disse que o momento de mercado é “muito favorável para expansão”. “As pequenas e médias empresas estão andando meio de lado pelo fato de a taxa de juros ainda estar em um patamar alto”, afirmou.
A Pague Menos reduziu em maio a projeção de inaugurações em 2023 de 60 para 20 farmácias, todas já realizadas, mas para o ano que vem a estimativa é de abrir 120 pontos, voltando ao ritmo de 2022, quando foram inauguradas 118 lojas.
Sobre a diluição gerada pelo aumento de capital, cujo percentual foi mencionado pela companhia no fato relevante, Novaes disse ser de entre cerca de 10% e 12%. “O aumento de resultado por conta da diminuição das despesas financeira vai ser equivalente à diluição”, afirmou.
2° trimestre
Apesar do prejuízo líquido, impactado pela piora no resultado financeiro, a Pague Menos teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 271,5 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 28,9% ano a ano, enquanto a margem Ebitda ajustada foi de 9%, contra 9,5% um ano antes.
A receita bruta subiu 35,9% na mesma base de comparação, a 3 bilhões de reais, uma vez que a companhia não tinha as lojas da Extrafarma no mesmo período de 2022. Contando só as farmácias da marca Pague Menos, a receita bruta avançou 11,6%.
Veja o resultado:
Veja o documento sobre o aumento de capital: