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O papel da informação na tomada de decisão (parte 3)

por Adriana Spacca Olivares Rodopoulos
3 min leitura

Continuando a série (clique aqui para ler o primeiro artigo e clique aqui para ler o segundo texto), hoje vamos falar sobre uma armadilha bastante comum que tem levado muitas pessoas ao endividamento crescente.

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Armadilha 2: contas mentais

Nosso cérebro é capaz de executar tarefas das mais complexas. Mas, em termos de contabilidade somos um zero a esquerda. Ou melhor, nem zero a esquerda somos, porque além de não darmos conta dessa contabilidade razoavelmente simples, a forma com que a maioria de nós encontra para lidar com ela pode nos meter em grandes enrascadas.

Portanto, utilizar esse “atalho mental” além de absolutamente ineficaz, nos traz várias complicações. Mas afinal, do que estamos falando?

Estamos falando da seguinte situação: você decide fazer uma compra, olha para o valor da parcela e, se ela couber no seu bolso (e aqui a maioria das pessoas entende por bolso, o salário), você compra. E você repete essa “conta mental” por várias vezes ao longo do mês, do semestre, do ano, sem “atualizar o saldo”. Isto é você sempre contrasta o valor da parcela com o salário.

Ou então, você nem estava disposto a comprar nada, mas aí a “coisa” era tão baratinha que não iria te prejudicar. E você tem esse hábito de comprar coisinhas baratinhas. Parafraseando o velho ditado “de grão em grão, a galinha enche o papo”, de real em real a carteira esvazia.

Calma, ainda tem a pior de todas as situações. Você resolve pegar um empréstimo de X reais. Como a maioria das pessoas, você decide se pode pegar ou não o empréstimo em função do valor da parcela mensal. E aí você descobre que por esse mesmo valor, a instituição lhe oferece X + Y reais (é claro que o número de parcelas aumenta, mas é justamente esse detalhe que não entra na conta mental). E pronto! Você sai satisfeito da vida com a sensação de ter feito um bom negócio!

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Informações potenciais para disparar as contas mentais

Qualquer tipo de informação que desvie a atenção do valor total para um valor parcial do bem ou serviço. Quanto menor for esse valor parcial, maiores as chances de se utilizar as “contas mentais”:

  • Valor das parcelas em destaque (tanto para empréstimos, quanto para comércio);
  • Informações do tipo: com pouco mais de R$X,00 por dia você pode…

Ou ainda informações que levem as pessoas a gastar mais, com a sensação de que estão economizando. Neste caso, estou me referindo à decisão de compra baseada somente na promoção. A pessoa compra não porque esteja precisando, mas porque não pode perder a “chance de economizar”:

  • Leve 3 e pague 2;
  • Na compra disto, ganhe aquilo;
  • Parcelamentos que mantém ou até diminuem o valor da prestação, mas aumentam o gasto total com aumento no número de parcelas;
  • Valor (ou porcentagem) do desconto em destaque.

Desarmando a armadilha

Bem, como a nossa cabeça é bastante limitada nesse tipo de situação e a estrutura do mercado de bens e serviços é um gatilho e tanto para ativar essa armadilha, precisamos de ajuda externa e muita força de vontade.

Utilização de planilhas e aplicativos que nos ajudem a contabilizar entradas e saídas adequada e de forma rápida é imprescindível.

Fazer uma conta e internalizar o valor correspondente a ela pode ser bastante valioso para nos fazer parar para pensar antes que a conta mental nos convença. Essa continha é o quanto ganhamos por hora, ou por dia.

Por exemplo, digamos que você receba um salário de R$1600,00 (líquido) por 40 horas de trabalho semanais. Isso equivale a dizer que você tem de trabalhar uma hora para ganhar R$10,00 ou um dia inteiro para receber R$80,00.

Saber qual é a “recompensa” por uma hora ou um dia do seu trabalho e começar a utilizá-la como parâmetro para avaliar o seu poder de compra é uma ótima maneira de interromper o ciclo “cabe ou não cabe no meu bolso”.

Vejamos como isso funciona na prática. Digamos que você assumiu uma prestação de R$ 80,00 por mês durante 10 meses. Se você tem o valor da sua recompensa em mente não fica muito difícil de você perceber que um dia do seu trabalho está comprometido com a prestação. E que a quitação dessa dívida exigirá 10 dias de trabalho (ou duas semanas!).

Se você conseguir um desconto de 10% para pagamento à vista, você terá de trabalhar 9 dias (ou 720 horas) para conseguir comprar o mesmo bem ou serviço e a recompensa pelo 10º dia de trabalho é toda sua! Bem melhor, não acha?

O pulo do gato é você perceber quantos dias do seu trabalho, do seu esforço, do seu suor estão sendo comprometidos com gastos que poderiam esperar. Passe a reivindicar uma parte da recompensa do seu trabalho para você. Afinal, você merece!

Então, leitor, deixo a pergunta: como você faz para lidar com as contas mentais? Use o espaço de comentários abaixo para registrar sua opinião. Até a próxima.

O papel da informação na tomada de decisão é uma série de artigos publicados por Adriana Rodopoulos. Clique nos links abaixo para visualizar cada parte dessa sequência.

Foto de freedigitalphotos.net.

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